São Paulo, 23/08/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a incerteza em torno das negociações climáticas internacionais diante do cenário político nos Estados Unidos. "Não sabemos o quanto o governo dos EUA vai atrapalhar o andamento dessas negociações", afirmou, neste sábado, em entrevista à <i>TV GGN</i>.
Haddad avaliou que o país norte-americano atravessa um momento singular, alertando para possíveis retrocessos ambientais, democráticos, políticos e geopolíticos. Ele citou como exemplo o recente cancelamento de US$ 19 bilhões em investimentos em transição energética pelo governo americano. "Não sabemos até onde vai retrocesso ambiental, democrático, político, geopolítico nos EUA", disse.
O ministro também relembrou o histórico de ingerência dos EUA na América do Sul, incluindo a participação em ditaduras na região ao longo do século 20, ressaltando que essas ações reforçam a complexidade das relações internacionais no contexto atual.
Sustentabilidade
Haddad afirmou que o governo busca fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional e atrair investimentos estratégicos com uma agenda que inclui inovação e sustentabilidade. "Lula abriu discussão com UE para ter acordo mais benéfico para nós", disse, ressaltando a importância de utilizar as vantagens competitivas brasileiras em negociações internacionais e parcerias tecnológicas.
O ministro também falou sobre a legislação de inteligência artificial, ressaltando que "a lei de IA está boa, mas não satisfatória e estamos dialogando com Câmara". Para Haddad, a legislação é um instrumento estratégico: "A lei de IA deve colocar Brasil em patamar diferente de pares, para atrair investimentos". Na área tributária, Haddad destacou que a reforma segue avançando e que deve ser consolidada ainda este ano: "Vamos consolidar reforma tributária esse ano, falta uma votação no Senado".
Quanto à agenda ambiental, o ministro reforçou a intenção de avançar na preservação e valorização das florestas brasileiras: "Queremos aprovar na COP30 fundo de remuneração de florestas tropicais" e "queremos mercado internacional de carbono para combater emissões", ressaltando a importância de remunerar os serviços ambientais prestados pelo país e criar incentivos econômicos para práticas sustentáveis.
Segundo Haddad, essas iniciativas integradas - inovação tecnológica, reforma tributária e sustentabilidade ambiental - têm como objetivo transformar o Brasil em um destino mais competitivo para investimentos e desenvolvimento econômico de longo prazo.