De acordo com o levantamento, há uma série de índices favoráveis ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para 52,4%, a principal motivação do governo ao propor a isenção do Imposto de Renda foi a preocupação em reduzir a desigualdade de renda, e 60,6% acreditam que a medida ajudará a reduzir a desigualdade socioeconômica no Brasil.
Segundo o estudo, 40% opinam que o poder de compra vai aumentar um pouco com a ampliação da isenção, e 25,9% dizem que o poder de compra vai aumentar muito. Outros 24,4% dizem que o poder de compra ficará igual.
Além disso, 58,5% afirmam concordar totalmente com a cobrança de mais Imposto de Renda para pessoas que ganham mais de R$ 50 mil por mês, como forma de compensar a ampliação da isenção para quem ganha até R$ 5 mil. A sondagem também aponta que 62,9% são favoráveis à taxação de super-ricos para financiar programas de combate à pobreza.
Evangélicos veem medida como eleitoreira
No entanto, cresceu de 27,1% para 36,2% o número daqueles que acreditam que a isenção do IR não vai ajudar a reduzir a desigualdade, e 61,6% dos evangélicos acreditam que a motivação da medida é de interesse puramente eleitoral. 44,7% dizem que a iniciativa não mudaria a sua inclinação de voto na eleição de 2026, enquanto 40,3% teriam muito mais vontade de votar em Lula com a isenção.
São 42% que veem a imagem do governo muito mais positiva com medidas recentes; 20,8% não mudam percepção; 19,5%, muito mais negativa; 11,5%, mais positiva; e 6,6%, mais negativa.
O levantamento da AtlasIntel/Bloomberg ouviu 14.063 brasileiros entre os dias 15 e 19 de outubro através da metodologia de recrutamento digital aleatório (RDR). A margem de erro é de um ponto porcentual e o índice de confiabilidade é de 95%.
Entenda o projeto de isenção de IR em discussão
A Receita Federal cobra o IR das pessoas físicas com base na renda mensal ou anual, abrangendo ganhos obtidos com salários, aluguéis, investimentos e outros tipos de lucros. Há uma tabela progressiva, ou seja, quanto maior o rendimento, maior a alíquota aplicada.
Essa tabela tem uma primeira faixa de renda na qual os contribuintes são isentos do imposto. Em 2025, essa faixa, que é revista periodicamente, corresponde aos contribuintes que tenham recebido no ano anterior rendimentos mensais de até R$ 2.824. Além disso, também estão dispensados do pagamento aposentados e pensionistas que tenham recebido até R$ 33.888 durante o ano de 2024.
Pelos termos do PL 1.087/2025, relatado pelo deputado Arthur Lira, a faixa de isenção total do IR será ampliada para quem tenha tido rendimentos mensais de até R$ 5 mil. Além disso, será criada uma segunda faixa, de isenção parcial, para os contribuintes com ganhos mensais entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. Com isso, milhões de brasileiros dos estratos sociais mais baixos que hoje pagam IR passarão a ter uma carga zerada ou reduzida.
Tributação de super ricos e dividendos
Outra medida a ser introduzida pelo texto é uma regra de tributação mínima para altas rendas. Pessoas com ganhos superiores a R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil por mês) ficarão sujeitas a uma tabela progressiva, com alíquotas crescentes que chegam a 10% para valores superiores a R$ 1,2 milhão.
Por fim, o PL também prevê a tributação de lucros e dividendos distribuídos a pessoas físicas. Hoje, esses rendimentos não sofrem incidência de tributos. Com a entrada em vigor, caso o valor mensal exceda R$ 50 mil, haverá retenção na fonte de 10%.
O PL já passou pela Câmara dos Deputados e será votado no Senado. Se os membros da Casa sugerirem emendas, o texto volta para a Câmara; se o texto for mantido, segue para a sanção do presidente Lula.