Reunião do Brics discute como enfrentar medidas unilaterais no comércio global

Ricardo Stuckert / PR

A reunião virtual do Brics ocorreu cerca de dois meses depois do encontro de cúpula realizado em julho no Rio de Janeiro (foto) - Ricardo Stuckert / PR
A reunião virtual do Brics ocorreu cerca de dois meses depois do encontro de cúpula realizado em julho no Rio de Janeiro (foto)

Por Gabriel Hirabahasi, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 08/09/2025, às 12h56

Brasília, 08/09/2025 -- Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, participaram da cúpula virtual do Brics organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira, 8. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi o único dos líderes dos países fundadores do bloco que não participou. Em seu lugar, esteve na videoconferência o ministro dos negócios estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar. 

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência do Brasil (Secom) informou que a reunião discutiu  "visões sobre como enfrentar os riscos associados ao recrudescimento de medidas unilaterais, inclusive no comércio internacional, e sobre como ampliar os mecanismos de solidariedade, coordenação e comércio entre os países do Brics".

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"Os países do bloco realizaram um balanço abrangente da atual situação mundial. Houve consenso sobre a necessidade de avançar rumo a uma ordem internacional mais justa, equilibrada e inclusiva, capaz de refletir as transformações em curso e responder de maneira mais eficaz às demandas do Sul Global", declarou.

O bloco reafirmou compromisso com a preservação e o fortalecimento do multilateralismo - que tem sido um dos principais focos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus discursos nos últimos meses. No encontro, Lula disse em seu discurso que os países do Brics estão sendo “vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais” e que a “chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”. A reunião foi fechada, mas a Secom divulgou o conteúdo do discurso lido pelo petista.

'Instabilidade'

O presidente brasileiro não mencionou o governo dos Estados Unidos ou o presidente norte-americano, Donald Trump, mas deixou claro em seu discurso as críticas à política comercial do republicano. Afirmou que da última cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro em julho, até hoje “vivemos um momento de crescente instabilidade”.
“Está cada vez mais claro que a crise de governança não é uma questão conjuntural. Os pilares da ordem internacional criada em 1945 estão sendo solapados de forma acelerada e irresponsável. A Organização Mundial do Comércio está paralisada há anos”, disse o presidente.
“Em poucas semanas, medidas unilaterais transformaram em letra morta princípios basilares do livre-comércio como as cláusulas de Nação Mais Favorecida e de Tratamento Nacional. Agora assistimos ao enterro formal desses princípios. Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, completou, em seguida.
 Segundo Lula, a imposição de “medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições”. A fala foi uma referência a imposição da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e seus efeitos para além das fronteiras norte-americanas.
 A reunião acabou por volta das 11h. O encontro foi fechado, mas a Presidência da África do Sul divulgou trecho da fala do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, em seu canal do YouTube.
 Além dos já citados, estavam presentes:
 Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, presidente do Egito
 Prabowo Subianto, presidente da Indonésia
 Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos
 Taye Atske Selassie, presidente da Etiópia
Palavras-chave Brics Lula Cúpula virtual

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