São Paulo, 03/07/2025 - O
mercado de veículos deu sinal de acomodação em junho, na esteira do
crédito mais caro em meio à alta dos juros. No total, 212,9 mil veículos zero quilômetro foram vendidos no mês passado, 0,6% a menos do que no mesmo período de 2024. Frente a maio, a queda foi de 5,7%.
O balanço, que engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, foi divulgado hoje pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de automóveis. O setor teve no primeiro semestre um crescimento de 4,8% nas vendas de veículos, confirmando a desaceleração que era aguardada após a alta de 14% do ano passado.
De janeiro a junho, 1,2 milhão de veículos foram vendidos no País. O volume é apoiado por vendas a locadoras, que ajudam a compensar a retração no varejo.
Já as vendas de motos tiveram, no mês passado, crescimento de 8,1% na comparação com junho de 2024. No total, 179,4 mil motocicletas foram comercializadas, acrescenta a associação que representa as concessionárias.
Na margem - ou seja, de maio para junho -, as vendas de motos recuaram 7,2%. Já no acumulado do primeiro semestre, foram vendidas 1,03 milhão de motocicletas, alta de 10,3% que reflete a expansão dos serviços de entrega (delivery), além da busca dos consumidores por veículos mais baratos e econômicos em combustível.
Previsão de crescimento para 2025
A Fenabrave também reduziu as previsões ao desempenho do setor neste ano, apontando o impacto dos juros mais altos nas vendas de caminhões. A expectativa ao crescimento das vendas de veículos em 2025 foi reduzida de 5% para 4,4%.
Se o prognóstico for confirmado, o ano terminará com 2,75 milhões de veículos vendidos, na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. A revisão das projeções da Fenabrave se deve ao recuo no mercado de caminhões, em que as vendas encolheram 3,6% no primeiro semestre. A entidade das concessionárias espera que essa queda chegue a 7% até o fim do ano, refazendo a previsão inicial que apontava a um crescimento de 4,5% no segmento.
“Sabemos que o segmento de caminhões é muito vinculado a PIB e crédito. A taxa de juros chegou muito forte ao setor de caminhões”, comentou o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, durante apresentação das novas previsões à imprensa.
Segundo a economista Tereza Fernandez, que traça as premissas macroeconômicas das previsões da Fenabrave, apesar do recorde na safra de grãos - o que, em tese, demandaria mais veículos a seu transporte -, as margens de lucro dos produtores agrícolas caíram em razão do recuo nos preços internacionais de soja e milho. Com isso, houve uma baixa dos investimentos.
No segmento de carros de passeio e utilitários leves, que movimenta o maior volume da indústria automotiva, a Fenabrave manteve a previsão de crescimento de 5% das vendas neste ano.