Foto: Envato Elements
São Paulo, 12/06/2025 - A adesão aos exames e consultas de acompanhamento de doenças crônicas no Brasil está abaixo do esperado, colocando em risco a saúde de milhões de pessoas. É o que mostram dados do 3º quadrimestre de 2024 do Sistema de Informação sobre Saneamento Básico do Sistema Único de Saúde (SUS).
A aferição da pressão arterial e consultas para acompanhamento de hipertensão apresentaram os índices mais preocupantes. De 42,6 milhões de atendimentos esperados, apenas 11,9 milhões (28%) foram registrados, ficando de fora mais de 30,6 milhões de pessoas (72%). A hipertensão não controlada pode levar a complicações graves, como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e insuficiência renal.
Os dados, que foram compilados pela organização ImpulsoGov, devem ser atualizados no segundo semestre deste ano, com base em novos indicadores de qualidade para o financiamento da atenção primária, anunciados em maio pelo Ministério da Saúde.
No segmento privado, programas de benefício e parcerias com farmácias tentam solucionar o abandono dos tratamentos previstos. Um levantamento realizado pela Funcional Health Tech, por exemplo, mostra que a adesão ao tratamento da hipertensão é 22% maior entre pessoas que contam com serviços como Benefício Farmácia, Programas de Benefício em Medicamentos e Programas de Suporte ao Paciente, oferecidos a funcionários de cerca de 200 empresas consultadas na pesquisa.
Entre usuários do benefício farmácia, por exemplo, a taxa de pessoas diagnosticadas com a doença e que fizeram uso adequado de medicamentos em 2024 foi de 52%. Quanto aos preços, o valor médio dos medicamentos contínuos para controle da pressão arterial foi de R$72,24 nas farmácias, enquanto aqueles que tiveram descontos oferecidos pelas empresas pagaram cerca de R$29,76.
Segundo Marcelo Miranda, diretor de varejo e distribuição da Funcional Health Tech, a adesão de pessoas com mais de 50 anos a tratamentos de doenças crônicas é maior que a média. "A gente percebe que há um cuidado maior dessa faixa com a saúde, e um contexo de incentivo à longevidade saudável que também melhora a adesão aos tratamentos", diz.
A empresa também informa que metade (50%) dos usuários de medicamentos para hipertensão atendidos pelo benefício farmácia têm mais de 50 anos. O avanço de quase 30% nessa taxa nos últimos dois anos possivelmente tem relação com o melhor diagnóstico e à expansão dos programas de benefícios para funcionários aposentados, pontua Miranda.
"Em média, as pessoas abandonam os tratamentos de hipertensão e diabetes a partir da quarta caixa do remédio, que é quando os sintomas começam a melhorar. Oferecer esse subsídio é a melhor maneira de garantir que reduzam essa taxa de abandono."
Para ele, a tendência evidencia que o ecossistema de saúde corporativa precisará lidar com mais pacientes crônicos no futuro, com maior custo assistencial e necessidade de programas de adesão e cuidado contínuo. "O monitoramento dessas informações também visa alertar as empresas sobre o subdiagnóstico de hipertensão em seus colaboradores e incentivar campanhas de conscientização", pontua.
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