Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 05/09/2025 - Embora muitas vezes lembrada apenas pela questão estética, a alopecia areata vai muito além da aparência.
Essa condição autoimune, caracterizada pela perda repentina de fios em regiões como couro cabeludo, sobrancelhas ou barba, está diretamente ligada ao bem-estar emocional e social dos pacientes, como aponta uma pesquisa publicada em julho no British Journal of Dermatology.
O estudo acompanhou quase 600 pessoas diagnosticadas no Reino Unido entre 2021 e 2024 e revelou números preocupantes: mais de 80% dos participantes relataram sintomas de ansiedade ou depressão, e um terço afirmou ter a rotina afetada, incluindo trabalho, estudos e vida social.
Além disso, 42% citaram dores ou desconfortos físicos e mais da metade disse sentir vergonha frequente por conta da aparência.
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Um dos achados mais relevantes é que a forma como os pacientes interpretam sua condição pesa mais na saúde mental do que a extensão da perda capilar em si.
A pesquisa identificou dois perfis principais entre os entrevistados:
Esses dados reforçam a importância do apoio psicológico no tratamento, já que a dimensão emocional pode ser determinante para a qualidade de vida.
A alopecia areata é uma doença inflamátoria que está entre as mais de 100 formas conhecidas de queda de cabelo. Segundo a Sociedade Brasileira de Dematologia (SBD), é comum que a queda intensa dos fios resulte em falhas circulares sem pelos ou cabelos. Em graus mais severos da doença, a perda dos pelos pode ser total. Ainda assim, os fios podem crescer novamente, isso porque a doença não destrói os folículos pilosos, mas os mantém inativos por conta da inflamação.
A alopecia pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum antes dos 40 anos. Estima-se que 2% da população mundial esteja em risco de desenvolver a doença. As causas são diversas e podem incluir fatores genéticos e autoimunes. Questões emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos também podem desencadear ou agravar o quadro.
O diagnóstico é clínico, feito por dermatologistas com exames como dermatoscopia ou biópsia, e os tratamentos disponíveis variam de acordo com a gravidade e a resposta individual. O tratamento é medicamentoso e deve ser acompanhado por um médico dermatologista.
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Nos últimos anos, o entendimento sobre a alopecia areata vem mudando. A SBD atualizou suas diretrizes recentemente e passou a incluir a saúde emocional como critério de gravidade da doença, antes, a avaliação considerava apenas a área de queda capilar.
Essa mudança é fundamental diante das limitações terapêuticas. Embora novas opções farmacológicas estejam em desenvolvimento, muitas ainda são de difícil acesso.
Reconhecer o impacto psicológico, portanto, é um passo essencial para oferecer um tratamento mais humano e completo.
A alopecia areata não deve ser vista apenas como uma condição estética. O apoio médico, psicológico e social é fundamental para que os pacientes possam lidar com a doença de forma mais saudável.
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