Anvisa proíbe versão manipulada de remédios injetáveis para obesidade

Adobe Stock

Manipulação de remédios para tratar obesidade e diabetes tipo 2 expõe a riscos. Com a nova regra, apenas versões oficiais podem ser comercializadas - Adobe Stock
Manipulação de remédios para tratar obesidade e diabetes tipo 2 expõe a riscos. Com a nova regra, apenas versões oficiais podem ser comercializadas
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 25/08/2025, às 15h37 - Atualizado às 15h40

São Paulo, 25/08/2025 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou hoje um despacho proibindo a manipulação de medicamentos injetáveis para tratar obesidade e diabetes tipo 2, especificamente moléculas biológicas análogas de GLP-1 no Brasil. 

Segundo a norma, apenas Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) biotecnológicos de fabricantes que tiveram seu o registro do medicamento validado na Anvisa podem ser importados para manipulação. Temporariamente, também suspendeu a manipulação de semaglutida sintética. 

Leia também: Novo medicamento para diabetes tipo 2 chega às farmácias; entenda riscos para idosos

Em nota à imprensa, a farmacêutica Novo Nordisk, fabricante dos remédios Wegovy, Ozempic e Rybelsus, diz que "a decisão da Anvisa é um benefício para a saúde pública e para o paciente brasileiro, que passa a ter mais uma camada de proteção contra os riscos de produtos manipulados de forma ilegítima".

Diz ainda que "medicamentos irregulares não oferecem garantia de pureza, dosagem correta, estabilidade ou esterilidade, podendo resultar em ineficácia do tratamento, reações adversas graves e contaminação, colocando a saúde e segurança do paciente em risco".

Remédios injetáveis de tirzepatida como o Mounjaro, da Eli Lilly, também se incluem nessa categoria e não podem ser manipulados por outros fornecedores não autorizados.

O que é "ozempic manipulado"?

Não é de hoje que o tema da manipulação desse tipo de medicamento está em debate. Em outubro de 2024, uma nota conjunta da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) fez alerta para o consumo de remédios falsificados ou manipulados, que expõem "usuários a sérios riscos à saúde, tornando impossível prever seus efeitos no corpo humano".

[Colocar ALT]
Em sites online, versões manipuladas do medicamento Ozempic seguem à venda (Reprodução)

Mas uma breve pesquisa em buscadores da internet mostra que, até a tarde de hoje, a oferta desse tipo de produto continuava ocorrendo em sites de farmácias de manipulação, incluindo versões injetáveis. Os manipulados prometem os mesmos efeitos emagrecedores dos medicamentos oficiais, porém, sem respaldo da agência federal e dos médicos. 

Leia também: Ozempic e outras canetas só poderão ser vendidas com retenção de receita

A nova regra sobre importação e manipulação de IFAs diferencia os insumos de origem biotecnológica e sintética. Para os IFAs de origem sintética, a Anvisa determinou que a manipulação só é permitida caso exista um medicamento registrado no país que utilize essa molécula sintética. 

Atualmente, porém, não há nenhum medicamento à base de semaglutida sintética registrado no Brasil, o que torna qualquer manipulação da substância, independentemente da origem (biológica e sintética), irregular e ilegal, por não possuir respaldo técnico ou sanitário. Nesse caso, não há garantia de que a substância manipulada seja segura ou eficaz.

Palavras-chave Anvisa obesidade remédios

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias