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Publicado em 09/11/2025, às 14h00
São Paulo, 09/11/2025 - Musculação, corrida e uma boa alimentação são meios para alcançar diferentes objetivos, como o emagrecimento e a melhora estética. Contudo, pouco se fala sobre o uso dessas práticas para um bom envelhecimento. Um estudo feito pelo Instituto Locomotiva, encomendado pela farmacêutica Apsen, constatou que apenas 11% dos brasileiros cuidam da saúde pensando nessa fase da vida.
O principal objetivo apontado pela pesquisa é a melhora na saúde em geral, além do aprimoramento do bem-estar, com 36% e 25% de priorização, respectivamente. Na prática, muitos buscam melhorar suas condições de saúde, mas não encaram o envelhecimento como uma meta primordial ao realizar atividades físicas, melhorar a alimentação, entre outros cuidados.
O levantamento, que ouviu homens e mulheres com idades entre 18 e mais de 50 anos, de todas as regiões do país, aponta, porém, que, apesar de ainda serem valorizados, os aspectos de beleza e estética vêm deixando de ser prioridade entre os brasileiros. A pesquisa indica que, entre as classes A e B principalmente, apenas 7% focam nesses objetivos enquanto buscam melhoria na saúde.
Apesar dos números, entre os mais jovens, a busca pela estética ainda se sobressai quando comparada à preocupação com o envelhecimento. É o que afirma a pós-doutora em nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Maria Fernanda Naufel. “É só mesmo na terceira idade, ou quando os exames começam a apresentar alterações significativas, que as pessoas passam a mudar seus hábitos pensando na saúde em si, e não apenas na estética”, observa.
O profissional de educação física e pós-graduado em musculação e treinamento de força, Luiz Fernando Lukas, ressalta que o objetivo ao praticar exercícios muda principalmente depois dos 40 anos, quando as pessoas começam a sentir o impacto da falta de preparo físico, como dores, perda de força, cansaço e sono ruim.
“Surge a vontade de manter ou melhorar a qualidade de vida, a autonomia e a disposição para envelhecer bem. Mas, mesmo assim, aquele primeiro desejo de estética não é esquecido”, analisa.
Outro ponto de atenção levantado pela especialista em nutrição é o acesso a alimentos in natura de qualidade. Isso porque, para populações de baixa renda, muitas vezes não é possível adquirir verduras, frutas e legumes de boa qualidade devido ao aumento dos preços — enquanto os produtos ultraprocessados, que podem ser estocados por mais tempo, têm apresentado queda de preço.
O Grupo de Estudos de Inquéritos Populacionais de Saúde (GEIPS) e o Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde (GEPPAAS), ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), avaliaram a tendência dos preços para 2026.
Em suma, a tendência é que, no período 2025–2026, o preço dos ultraprocessados se mantenha em queda, com média de R$ 18,40/kg em 2025 e R$ 17,90/kg em 2026, enquanto os alimentos in natura ou minimamente processados e os ingredientes culinários processados devem manter relativa estabilidade (média de R$ 19,50/kg em 2025 e R$ 19,60/kg em 2026).
A pesquisa da Locomotiva aponta que 73% dos brasileiros buscam uma boa alimentação na rotina. Porém, fatores como preço dos alimentos fazem uma diferença importante na hora de fazer o carrinho render e o dinheiro sobrar, o que impacta diretamente a qualidade da alimentação e, por consequência, um bom envelhecimento.
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A caminhada é a prática mais popular, com 66% de adesão, segundo a pesquisa. Dentre esses, pessoas acima de 50 anos são as que mais praticam (74%). Ela é seguida pela musculação e pela corrida como os exercícios mais recorrentes entre os entrevistados, com 55% e 37% de adesão, respectivamente.
Para um bom envelhecimento, Luiz destaca que o segredo está em construir uma base de força, mobilidade e resistência cardiovascular desde cedo. “Os treinos de força (musculação) vão ajudar a preservar e aumentar a massa muscular e a densidade óssea, que serão essenciais no envelhecimento”, explica.
Para aqueles que não conseguem arcar com mensalidades de academias e centros de treinamento, ele ressalta que é possível utilizar as academias ao ar livre — presentes em praças e parques —, que são gratuitas, além de realizar exercícios em casa, como:
Esses exercícios podem ser feitos com pesos adaptados, como garrafas de água, elásticos, sacos de arroz, feijão, entre outros. “Caminhar, correr levemente, pedalar, pular corda, dançar, subir e descer escadas, fazer trilhas ou passear com o cachorro são exemplos de atividades gratuitas e muito valiosas”, elenca.
Maria Fernanda também alerta que um dos problemas que surgem durante o processo de envelhecimento é a sarcopenia, perda involuntária de massa magra. Por isso, o consumo adequado de proteínas durante a juventude e, principalmente, na velhice é fundamental, assim como a prática regular de exercícios de musculação.
“Exercícios de alongamento, mobilidade e flexibilidade também garantem liberdade de movimento, previnem lesões, auxiliam na recuperação muscular e melhoram a postura. Fazer alongamentos diariamente é excelente”, indica Luiz.
E para aqueles que já passaram dos 60 anos, ainda há tempo para manter a saúde e garantir qualidade de vida. Luiz explica que, nesse processo, o que vai mudar é a velocidade da adaptação do corpo para a nova rotina. E, com liberação médica e alguns cuidados no início, a atividade física traz ganho de força, massa muscular, equilíbrio e disposição e pessoas de qualquer idade.
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