Canetas emagrecedoras nacionais chegam hoje no país; entenda o que é liraglutida

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Segundo a EMS, nesta primeira fase serão disponibilizadas 100 mil unidades de Olire, voltado ao tratamento da obesidade, e 50 mil unidades de Lirux, indicado para diabetes tipo 2 - Foto: Envato Elements
Segundo a EMS, nesta primeira fase serão disponibilizadas 100 mil unidades de Olire, voltado ao tratamento da obesidade, e 50 mil unidades de Lirux, indicado para diabetes tipo 2

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 04/08/2025, às 14h04

São Paulo, 04/08/2025 - As primeiras canetas de liraglutida produzidas integralmente no Brasil já começaram a chegar aos depósitos das maiores redes de farmácias do país. A iniciativa é da EMS, maior laboratório farmacêutico nacional, que anunciou o início das vendas a partir de hoje, segunda-feira, dia 4 de agosto.

O lançamento marca a chegada ao mercado de uma alternativa nacional aos medicamentos importados voltados ao controle do diabetes tipo 2 e da obesidade, com preços mais baixos e produção 100% brasileira.

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Segundo a EMS, nesta primeira fase serão disponibilizadas 100 mil unidades de Olire, voltado ao tratamento da obesidade, e 50 mil unidades de Lirux, indicado para diabetes tipo 2. Os preços sugeridos variam de R$ 307,26 (uma caneta) até R$ 760,61 (embalagem com três unidades de Olire).

O que é liraglutida? 

Batizados de Olire e Lirux, os novos medicamentos são baseados na liraglutida, substância da classe dos análogos do GLP-1, que exerce ação direta no pâncreas. Sua principal função é estimular a liberação de insulina, hormônio responsável por regular os níveis de açúcar no sangue, especialmente após as refeições.

Essa ação contribui para o controle da glicemia em pessoas com diabetes tipo 2 e também auxilia na redução do apetite, favorecendo a perda de peso.

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A mesma molécula já é utilizada em remédios reconhecidos no tratamento da obesidade e do diabetes, como o Saxenda, também da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que fabrica o popular Ozempic.

Assim como a semaglutida presente no Ozempic, a liraglutida atua no controle da glicemia e na redução de peso, sendo uma opção terapêutica de eficácia comprovada para pacientes com essas condições.

O que é Olire?

Olire é um medicamento injetável para o tratamento da obesidade e do sobrepeso, indicado para ser usado junto com uma dieta hipocalórica e a prática regular de exercícios físicos. A aplicação é diária, começando com uma dose de 0,6 mg, venda sob prescrição médica.

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O medicamento vem em embalagens com uma ou três canetas aplicadoras, e é fundamental utilizar uma agulha nova a cada aplicação, evitando reutilização e não armazenando a caneta com a agulha acoplada. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão:

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Constipação; e
  • Dor de cabeça.

O uso é contraindicado para pessoas com alergia à liraglutida, gestantes, mulheres que planejam engravidar e pacientes com insuficiência cardíaca grave. Para mais informações consulte o site oficial (aqui). 

O que é Lirux ? 

Lirux é um medicamento injetável indicado para o tratamento do diabetes tipo 2 em adultos, adolescentes e crianças a partir de 10 anos que não conseguem controlar a doença apenas com dieta e exercícios.

Seu uso pode ser feito sozinho ou combinado com outros remédios para diabetes, como metformina, insulina e iSGLT2, venda sob prescrição médica.

Disponível em embalagens com uma ou duas canetas aplicadoras. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão: náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dor de cabeça.

O Lirux não deve ser usado para diabetes tipo 1 ou em casos de cetoacidose diabética, e é contraindicado para:

  • Gestantes;
  • Pessoas alérgicas à liraglutida; e
  • Pacientes com insuficiência cardíaca grave.

Em situações de suspeita de pancreatite, o tratamento deve ser interrompido imediatamente. Para mais informações consulte o site oficial (aqui). 

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Locais de aplicação: 

A aplicação do Olire e Lirux deve ser feita por via subcutânea em três áreas principais do corpo:

  • Braços;
  • Abdômen; e
  • Coxas.

Para garantir a eficácia do tratamento e evitar irritações na pele, é importante alternar os locais de aplicação. Nos braços, a região indicada é a parte posterior, entre três a quatro dedos abaixo da axila e acima do cotovelo.

No abdômen, as injeções devem ser feitas nas laterais direita e esquerda, mantendo uma distância de três a quatro dedos do umbigo.

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Já nas coxas, a aplicação deve ser realizada na parte anterior ou lateral externa superior, entre quatro dedos abaixo da virilha e acima do joelho. O uso de uma nova agulha a cada aplicação é essencial, assim como evitar armazenar a caneta com a agulha acoplada.

canetas de liraglutida
Em meio à disputa, a EMS chegou a propor uma fusão com a Hypera no ano passado / Foto: Envato Elements

Onde comprar? 

As canetas estarão à venda em redes como Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco, inicialmente nas regiões Sul e Sudeste, com expansão prevista para as demais áreas do país nas próximas semanas.

A expectativa da empresa é que 250 mil canetas estejam disponíveis no varejo até o fim de 2025, alcançando a marca de 500 mil unidades comercializadas até agosto de 2026.

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O avanço da produção nacional e a redução de custos são vistos como um passo importante para ampliar o acesso a tratamentos modernos e eficazes, especialmente diante da crescente demanda por medicamentos voltados à perda de peso e ao controle da diabetes.

Competição mercantil farmacêutica

Enquanto isso, o mercado farmacêutico nacional se prepara para mudanças importantes nos próximos anos. A farmacêutica Hypera, concorrente da EMS, já sinalizou planos para lançar sua própria versão de semaglutida assim que a patente do Ozempic expirar, o que deve acontecer em março de 2026.

Em meio à disputa, a EMS chegou a propor uma fusão com a Hypera no ano passado, mas retirou a oferta após negativa do conselho da rival. No fim de 2024, entretanto, aumentou sua participação acionária na companhia para 6%.

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Com a chegada dos novos medicamentos para obesidade e diabetes tipo 2 e o fortalecimento da indústria nacional, o Brasil dá um passo estratégico na busca por alternativas eficazes e mais acessíveis para condições crônicas que afetam milhões de pessoas.

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