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São Paulo, 18/07/2025 - Um novo estudo publicado no periódico científico The Lancet mostra que a exposição à partículas e gases poluentes está associada ao declínio cognitivo em pessoas acima de 65 anos de idade. O estudo considerou o histórico de saúde de mais de duas mil pessoas nascidas em 1946 e identificou que a alta exposição a poluentes como dióxido de nitrogênio, carbono negro e dióxido de enxofre, dentre outros, foi associada a uma pior velocidade de processamento e uma pior memória verbal, que se agrava especialmente entre as idades de 43 anos e 69 anos.
A associação entre poluição e redução da capacidade cognitiva, incluindo demências como Alzheimer, não é necessariamente nova no campo das pesquisas científicas, mas poucos estudos consideram os impactos dessa exposição na vida adulta e na velhice.
De acordo com os pesquisadores responsáveis, os resultados observados confirmam que a poluição do ar é prejudicial, com mudanças potencialmente irreversíveis no cérebro humano, e que ações para reduzi-la, inclusive na meia-idade, poderiam oferecer benefícios às pessoas, preservando a cognição e a estrutura cerebral na velhice.
O estudo, conduzido no Reino Unido, cita previsões que mostram que mais de 153 milhões de pessoas no mundo vão desenvolver demências ou declínio cognitivo após os 65 anos de idade. Os pesquisadores apontam ainda que a capacidade de memória episódica, responsável por recordar eventos significativos da vida, é mais vulnerável às partículas poluentes analisadas do que a memória de trabalho, que armazena e manipula informações temporariamente no cérebro.
A pesquisa destaca que futuras análises serão necessárias para identificar a mudança de perfil da poluição no decorrer da vida do grupo analisado, considerando a transição de uma poluição ligada à queima de carvão e combustíveis fosseis na infância para tipos de poluentes mais complexos, como partículas ultrafinas. Também observam que os dados refletem a exposição à poluentes na Inglaterra, Escócia e País de Gales, e que os resultados não podem ser generalizados para outros países com perfis de poluição diferentes.
"No entanto, com grandes populações em envelhecimento, pequenas reduções na exposição à poluição do ar, mesmo na meia-idade, poderiam levar a melhorias mensuráveis na cognição e na saúde cerebral, além de poderem mitigar parte do risco de demência em adultos mais velhos", conclui o estudo.
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