Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 18/11/2025 - A discussão sobre os efeitos da semaglutida, principio ativo do Ozempic e do Wegovy, na saúde cardiovascular ganhou novos contornos após a divulgação de uma análise recente do estudo Select.
Publicada na revista científica The Lancet, a pesquisa indica que a proteção ao coração proporcionada pela substância não depende diretamente da quantidade de peso eliminada durante o tratamento, contrariando expectativas comuns sobre medicamentos destinados ao controle da obesidade.
O estudo contou com mais de 17 mil voluntários com índice de massa corporal acima de 27 e histórico de doença cardiovascular.
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Eles foram acompanhados para comparar o uso da semaglutida com um placebo. A substância, conhecida por integrar tratamentos de diabetes tipo 2 e obesidade, já havia sido associada anteriormente a reduções expressivas nos eventos cardiovasculares.
A novidade está na constatação de que essa diminuição ocorre mesmo entre indivíduos que perderam quantidades diferentes de peso.
Os pesquisadores analisaram a relação entre mudanças corporais e o impacto no risco cardíaco. Dados do estudo mostraram que cada 5 quilos eliminados e 5 centímetros a menos na circunferência abdominal foram associados a uma queda média de 4% no risco cardiovascular.
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Mesmo assim, participantes que não atingiram reduções significativas de peso apresentaram resultados semelhantes aos que perderam mais de 5%.
Esse comportamento reforça a hipótese de que outros mecanismos estão envolvidos na proteção do coração.
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Há suspeitas de que a substância tenha propriedades específicas quando comparada a outros agonistas de GLP-1 utilizados no tratamento de diabetes.
A semaglutida se tornou amplamente conhecida por sua atuação no controle do peso, presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy. A ação se baseia na imitação do GLP-1, hormônio que reduz a fome ao estimular áreas do cérebro responsáveis pela saciedade.
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Diferentemente do hormônio natural, que é rapidamente degradado pela enzima DPP4, o medicamento permanece mais tempo no organismo, prolongando a sensação de saciedade.
Mesmo com os resultados animadores, especialistas reforçam que o medicamento deve integrar uma estratégia ampla de cuidados, sempre acompanhado por profissionais de saúde.
A compreensão de como a semaglutida atua no organismo ainda está avançando, e novos estudos devem aprofundar o entendimento sobre sua relação com a redução do risco cardiovascular.
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