Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 31/.08/2025 -- Uma nova revisão científica trouxe evidências de que a vacinação contra a herpes-zóster, conhecida popularmente como cobreiro, pode oferecer benefícios além da prevenção da doença.
De acordo com a análise apresentada no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, pessoas imunizadas apresentaram até 18% menos risco de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
O levantamento reuniu dados de 19 estudos internacionais que acompanharam, ao longo dos anos, a saúde de adultos vacinados com os dois tipos de imunizante disponíveis: o de vírus vivo atenuado e o recombinante.
A queda no risco cardiovascular foi observada tanto em pessoas a partir dos 18 anos quanto em indivíduos com mais de 50 anos.
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Embora os resultados sejam animadores, os pesquisadores alertam que ainda não é possível afirmar se a relação entre a vacina e a redução dos eventos cardiovasculares é direta.
A maior parte das pesquisas analisadas foi feita com foco na prevenção da herpes-zóster, não especificamente em desfechos como infarto ou AVC.
Mesmo assim, as infecções pelo vírus varicela-zóster estão associadas ao aumento da inflamação nos vasos sanguíneos, o que pode elevar o risco de complicações vasculares. Isso explicaria, em parte, a proteção adicional identificada nos vacinados.
A herpes-zóster é causada pela reativação do vírus da catapora (varicela-zóster), que pode permanecer adormecido no organismo por décadas. Estima-se que uma em cada três pessoas terá a doença ao longo da vida, principalmente após os 50 anos.
Além das dolorosas erupções cutâneas, a infecção pode atingir os vasos sanguíneos do cérebro e aumentar o risco de AVC, sobretudo em idosos.
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Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), a vacina é recomendada para pessoas com 50 anos ou mais, com prioridade para quem tem mais de 60 anos.
Em casos de pacientes imunocomprometidos, como transplantados ou pessoas em diálise, a aplicação pode ser indicada a partir dos 18 anos.
Atualmente, o imunizante está disponível apenas na rede privada, o que limita o acesso devido ao custo elevado.
Especialistas defendem a inclusão no Programa Nacional de Imunizações (PNI), pelo impacto positivo tanto na prevenção do cobreiro quanto na possível redução de complicações graves, como infartos e AVCs.
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O estudo reforça a ideia de que as vacinas podem oferecer efeitos além da proteção contra infecções.
Assim como já foi observado em pesquisas que relacionaram a vacina da herpes-zóster a menor risco de demência, agora surgem indícios de que ela também pode contribuir para a saúde cardiovascular.
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