Navegar a 56 kbps? Relembre 8 desafios (e surpresas) da internet discada

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Durante os anos 1990 até meados dos 2000, a principal forma de acessar a web era por meio da internet discada. - Foto: Envato Elements
Durante os anos 1990 até meados dos 2000, a principal forma de acessar a web era por meio da internet discada.

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 23/06/2025, às 13h56

Durante os anos 1990 até meados dos 2000, a principal forma de acessar a web era por meio da internet discada ou dial‑up. Nesse modelo, o computador conectava-se a um provedor via linha telefônica, usando um modem para converter sinais digitais em áudio e vice-versa. O que mantinha o telefone indisponível enquanto você navegava.

Esse tipo de acesso apareceu já em 1980, se popularizando entre os usuários domésticos após o surgimento dos provedores privados no Brasil, em 1995. Confira abaixo algumas curiosidades para relembrar de uma época mais simples de navegabilidade

1. Velocidades que parecem piada hoje

O máximo que se conseguia era cerca de 56 kbps, padrão para modems fax-discada, embora versões mais lentas de 28 kbps ou 33,6 kbps fossem comuns. Isso significava que uma foto simples demorava minutos para carregar, e baixar um MP3 era missão de madrugada. 

2. Horários mais baratos

A conexão era vendida por "pulso" telefônico, cada minuto custava como uma ligação. Para economizar, a maioria dos usuários esperava até a meia-noite para conectar, pagando apenas um pulso para sessões noturnas. Sábados após as 14h, domingos e feriados eram brindados com cobrança reduzida, funcionando quase como “acesso livre”.

3. Conflitos garantidos em casa

Enquanto estivesse on-line, a linha telefônica ficava ocupada, se alguém tentasse atender uma ligação, a internet caía. Não era raro o clima esquentar entre familiares por causa disso.

4. O ritual da conexão

Ligar o computador e aguardar o modem discar era parte do ritual. O som típico (chiados, bipes e estalos) anunciava o "handshake", o processo de autenticação com o provedor via padrões da ITU, e, após os sinais finais, vinha o alívio: “estamos online!”. 

5. Fragmentos de internet

Com velocidades tão baixas, os sites da época eram projetos enxutos, poucas imagens, muito texto, animações leves. Vídeos, então, só eram assistidos por download, o que podia levar horas (ou dias). 

6. Quedas constantes

A conexão não apenas levava tempo para ligar: também era instável. O sinal caía com facilidade, hora do almoço, queda de linha, ventania ou era desconectado por engano. E ao cair, era necessário recomeçar o processo do zero. 

7. CDs que valiam ouro

Distribuídos por provedores como discadores gratuitos, os CDs de acesso eram disputados. Muitos pegavam vários para “testar acesso grátis”, uma prática comum, embora raramente funcionasse bem.

8. Quando a banda larga chegou

Com a chegada da ADSL e outras formas de banda larga no início dos anos 2000, a internet discada perdeu força. Em 2007, cerca de 44 % dos domicílios ainda a utilizavam, em 2008, esse número chegou a 42 %, segundo dados do CETIC. Nos anos seguintes, caiu drasticamente até virar relíquia.

A internet discada foi um marco: cara, lenta, instável, mas cheia de charme. Sua memória vive no som característico do modem e nas histórias de horas conectadas à meia-noite. Hoje, mesmo com fibra e 5G, lembrar da dial‑up é reconhecer os primórdios de uma revolução digital.

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