Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Um pouco antes da pandemia quando alguém ficava sem criatividade ou algum problema no trabalho surgia a recomendação mais comum na época era dar uma pausa, mudar de foco e esperar que a solução surgisse naturalmente. Hoje, embora essa ainda seja uma estratégia válida, ela vem sendo substituída, cada vez mais, por respostas imediatas fornecidas por ferramentas de inteligência artificial. Com destaque para o ChatGPT.
Atualmente, tarefas que antes exigiam esforço criativo, pesquisa ou elaboração cuidadosa tornaram-se mais rápidas e acessíveis graças à IA. Produzir textos, elaborar argumentos, gerar ideias ou estruturar decisões passou a ser tão simples quanto digitar uma pergunta.
No entanto, toda essa facilidade e conveniência, traz um alerta importante: o uso excessivo da inteligência artificial pode comprometer a autonomia intelectual e o desenvolvimento profissional.
De acordo com Edison Earl, pós-graduando na Universidade de Artes Bournemouth, no Reino Unido para a Bloomberg, essa relação exagerada com a IA pode atrasar o amadurecimento de profissionais, minando a confiança em suas próprias ideias e potencializando sentimentos como a síndrome do impostor.
Ele destaca que, enquanto profissionais mais antigos costumam confiar em suas próprias experiências e análises, muitos jovens recém-ingressos no mercado de trabalho acabam deixando quase todas as decisões às máquinas, criando uma relação de dependência tecnológica.
Um exemplo disso aconteceu com um antigo colega que tinha dificuldade em participar de reuniões presenciais e outras atividades que exigiam contato direto e presencial com outros funcionários.
Isso porque sua primeira experiência profissional havia começado durante a pandemia, em um ambiente virtual. Tudo o que esse colega precisava fazer era reagir com emojis ou mesmo perguntar à inteligência artificial como responder um e-mail ou mesmo criar pautas e apresentar em reuniões. Fora das telas, a comunicação real exigia algo que ele não sabia fazer: se comunicar de forma autônoma.
Para evitar que a inteligência artificial enfraqueça nossa própria capacidade de pensar e decidir, a professora Cheryl Einhorn, fundadora da consultoria Decision Services e professora da Universidade Cornell, propõe duas atitudes práticas para o site KimKaupe:
Em outras palavras, a o ChatGPT - e outras inteligências artificiais - podem ser um aliados poderosos. Mas para que elas não se transformem em muletas, é necessário exercitar o pensamento crítico, preservar a autonomia e lembrar que, por trás das máquinas, ainda somos nós que tomamos as decisões mais importantes. Afinal, essas ferramentas só conseguem funcionar de maneira eficaz se você conseguir instruir elas de maneira eficiente.
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