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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 25/08/2025 - O mercado de trabalho brasileiro está passando por uma transformação silenciosa, mas significativa: cada vez mais pessoas acima dos 60 anos estão em atividade profissional.
A chamada “geração prateada” vem ampliando sua presença nas ruas, empresas e serviços, seja por necessidade financeira, seja pelo desejo de manter uma vida produtiva e ativa.
Um levantamento da pesquisadora Janaína Feijó, da FGV/Ibre, com base na PNAD Contínua do IBGE, mostra que, entre 2012 e 2024, o número de idosos ocupados cresceu quase 70%.
Em 2012, eram 5,1 milhões de brasileiros acima dos 60 anos trabalhando. Doze anos depois, esse total saltou para 8,6 milhões, um avanço de 3,5 milhões de pessoas.
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Segundo o estudo, esse crescimento reflete dois movimentos principais: a maior expectativa de vida da população e o aumento do custo de vida, especialmente nas grandes cidades.
Em 1980, o brasileiro vivia em média 62,6 anos. Hoje, a expectativa de vida chega a 76,4 anos. Mas viver mais também significa gastar mais, principalmente com saúde.
Para muitos, a aposentadoria não cobre despesas com planos de saúde, medicamentos e alimentação. Dessa forma, retornar ao mercado de trabalho ou nunca deixar de atuar se tornou uma necessidade.
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Outro ponto destacado pela pesquisa é que a inflação para pessoas com mais de 60 anos é maior do que a da média da população.
O IPC-3i, índice da FGV/Ibre que mede o impacto da alta de preços nessa faixa etária, acumulou 4,40% até junho de 2025, contra 4,23% do IPC geral. O aumento é puxado principalmente por gastos com saúde, remédios e alimentação.
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Apesar do avanço na participação dos idosos, a realidade ainda é marcada pela informalidade.
Em 2024, mais da metade (53,8%) dos trabalhadores acima dos 60 anos não tinham vínculo formal, número muito acima da média nacional de 38,6%.
A presença dessa mão de obra se concentra em setores como comércio e serviços (26,7%) e entre operários qualificados, artesãos e mecânicos (21,2%).
É comum ver idosos em atividades como vendas ambulantes, pequenos reparos e construção civil, funções que oferecem baixa proteção social e pouca estabilidade.
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Com o envelhecimento acelerado da população e a pressão sobre o sistema previdenciário, a tendência é de que o número de idosos no mercado de trabalho continue crescendo.
Porém, sem políticas públicas voltadas para empregabilidade e proteção social dessa faixa etária no mercado de trabalho, há risco de perpetuar o ciclo de precarização.
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