Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 08/08/2025 - O Brasil está envelhecendo, e rápido. Em apenas 12 anos, o número de brasileiros com 60 anos ou mais saltou de 22,7 milhões para 35,2 milhões, de acordo com a PNAD Contínua mais recente, do IBGE.
Esse crescimento de 55,4% reflete uma mudança importante no perfil demográfico do país e coloca a chamada Geração Prateada como protagonista em diversas esferas sociais, inclusive no mercado de trabalho. As informações são da pesquisa realizada por Janaína Feijó da FGV IBRE.
A expectativa de vida também cresceu: em 1980, um brasileiro vivia em média até os 62,6 anos. Em 2023, esse número alcançou 76,4 anos. Com isso, cresce também o número de idosos ativos na força de trabalho.
Hoje, cerca de um quarto da população com 60+ continua trabalhando ou buscando emprego. Em 2012, esse percentual era de 22,9%. Já em 2024, chegou a 25,2%.
Esse aumento da participação dos idosos no mercado tem múltiplas causas. De um lado, está o desejo de continuar produtivo, socialmente ativo e financeiramente independente.
Do outro, pesam fatores como o aumento do custo de vida, a pressão econômica sobre as famílias e a necessidade de complementar a aposentadoria.
Leia também: Economia prateada é tema de curso para profissionais de várias áreas
Ainda de acordo com a pesquisa, o Rio de Janeiro lidera com a maior proporção de idosos na População em Idade Ativa (PIA): 24,1%.
Em seguida, aparecem o Rio Grande do Sul (23,7%) e São Paulo (21,7%). Já estados como Roraima, Acre e Amazonas ainda têm proporções mais baixas, entre 12% e 13%.
Mas em termos de participação no mercado de trabalho, os destaques são outros. Roraima (29,2%), Mato Grosso (29%) e Tocantins (28,1%) são os estados com as maiores taxas de idosos ativos.
Na outra ponta, Alagoas (17,5%) e Pernambuco (19,1%) apresentam os menores percentuais. Esses números evidenciam desigualdades regionais, influenciadas por fatores econômicos, educacionais e culturais.
De 2012 a 2024, cerca de 3,7 milhões de pessoas com 60+ entraram ou retornaram à força de trabalho. Desse total, 95,6% estavam empregadas, a maioria já com algum direcionamento ou oportunidade em vista.
O número total de idosos ocupados passou de 5,1 milhões para 8,6 milhões nesse período, crescimento de quase 69%.
No entanto, a qualidade dessas ocupações ainda deixa a desejar. Mais da metade dos idosos que trabalham hoje estão na informalidade: 53,8%, contra uma média nacional de 38,6%.
A informalidade é ainda mais alarmante entre os que têm até o ensino fundamental completo, grupo que representa 54,3% dos trabalhadores idosos.
Essa precarização reforça a vulnerabilidade desse público no mercado, com salários mais baixos, ausência de benefícios e maior exposição a instabilidades econômicas.
A participação feminina também avançou. Em 2012, elas representavam 33,8% dos idosos ocupados. Em 2024, já somavam 37,6%.
Embora os homens ainda predominem numericamente, a presença crescente de mulheres com 60+ no mercado indica uma mudança significativa.
O nível de escolaridade também aparece como fator decisivo. A taxa de informalidade entre idosos com maior formação cai drasticamente para 27,5%, reforçando a ideia de que investir em educação continua sendo uma das formas mais eficazes de garantir melhores oportunidades, mesmo na maturidade.
Leia também: Presença de trabalhador 50+ tem maior alta em áreas tecnológicas
Longe dos estereótipos ultrapassados sobre a velhice, a Geração Prateada tem mostrado que quer (e pode) continuar ativa. Muitos trabalham, empreendem, estudam, se atualizam e participam ativamente da vida familiar e social.
Mas para que esse grupo siga avançando com dignidade, é fundamental criar políticas públicas que garantam condições justas de trabalho, inclusão digital, acesso à saúde e valorização da experiência acumulada.
Aos poucos, o mercado começa a enxergar esse potencial, seja no consumo, na inovação ou no conhecimento.
O desafio agora é fazer com que essa inclusão ocorra de forma sustentável, respeitosa e com igualdade de oportunidades para todas as idades.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.