Envato
São Paulo, 23/06/2025 -- Falar de preconceito e discriminação no ambiente de trabalho é também falar do impacto psicológico em quem sofre esse tipo de ato e no que isso representa para a empresa onde ocorre. Por isso, companhias têm pela frente o desafio de construir um clima corporativo mais inclusivo e diverso. Nesse sentido, estudo mostra que para 29% dos profissionais, a discriminação os impediu de receber um aumento ou promoção. Um ponto específico chama a atenção: 41% dos trabalhadores brasileiros afirmam já ter sofrido etarismo ao longo da carreira.
Esse tipo de discriminação é mais comumente sentido por profissionais maduros, principalmente a partir dos 50 anos. No entanto, os prejulgamentos nas corporações não se restringem apenas à questão da idade. O trabalho realizado pela consultoria, por meio de questões de múltiplas escolhas, aponta que 25% já foram marginalizados por sua condição socioeconômica.
Há um número expressivo dos que se sentem marginalizados por conta da religião: 15%. Outros 10% dizem ter sofrido preconceito por conta de sua etnia. Somaram 9% os que declararam preconceito por gênero, 6% por gravidez ou maternidade, 5% por estado civil e 4% por orientação sexual e 3% por deficiência. Além disso, 39% relataram ter sofrido outros tipos de discriminação e 9% não souberam ou preferiram não responder.
Os números fazem parte da pesquisa global Talent Trends 2025, realizada pela Michael Page, consultoria de recrutamento de executivos. O índice brasileiro sobre idadismo é superior à média global (36%) e à média da América Latina (35%). O levantamento foi realizado em novembro e dezembro de 2024, em 36 países e teve a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, de organizações de diferentes segmentos e portes.
Referindo-se à questão do idadismo, Isabel Pires, gerente-executiva da Michael Page, afirma: “Quando profissionais são desvalorizados por sua faixa etária, o impacto vai muito além do indivíduo: afeta a produtividade, o engajamento e a capacidade de reter talentos com experiência. O etarismo, muitas vezes silencioso, exige um olhar atento da liderança e uma cultura verdadeiramente inclusiva para ser superado”, afirma.
A pesquisa também revelou que um em cada três funcionários sente-se autênticos no ambiente de trabalho.
“Quem não se sente acolhido, não se sente parte do todo, causando uma enorme sensação de desconforto, insegurança e de quebra de confiança. Quem não acolhe, perde um talento. Empresas que promovem a inclusão de forma intencional colhem ganhos tangíveis em clima organizacional, produtividade e reputação. A inclusão não pode ser tratada como um projeto paralelo — ela deve estar no centro da estratégia de gestão de pessoas”, diz a executiva.
Entre os que relataram ter sido discriminados, 67% sentiram-se chateados, 60% passaram a se sentir menos satisfeitos no trabalho, 59% desvalorizados e 55% menos motivados ou produtivos. Sensações de estresse ou esgotamento afetaram 52%, enquanto 47% afirmaram ter considerado deixar o cargo. A discriminação também comprometeu o senso de segurança (37%) e os relacionamentos interpessoais (36%). A pesquisa ainda apontou que 6% dos respondentes brasileiros já foram discriminados ou marginalizados em seu cargo atual, ficando atrás das médias global (12%) e da América Latina (8%).
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.