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Uso de remédios para lidar com saúde mental dobra nas empresas brasileiras

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Manuela França
Por Manuela França manuela.franca@viva.com.br

Publicado em 20/10/2025, às 08h00

São Paulo, 20/10/2025 - Levantamento realizado entre julho e agosto de 2025 com 774 profissionais de diferentes regiões do Brasil mostra aumento expressivo no uso de psicofármacos e falta de preparo das empresas para lidar com o tema.

O uso de medicamentos para lidar com estresse, ansiedade e burnout mais que dobrou entre profissionais brasileiros no último ano. É o que aponta a 7ª edição da pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizada pela The School of Life em parceria com a Robert Half.

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Entre líderes, o número de pessoas que recorrem aos remédios passou de 18% em 2024 para 52% em 2025. Entre liderados, o salto foi de 21% para 59%.

Dificuldade de assumir vulnerabilidades

Apesar do avanço das discussões sobre o tema, falar abertamente sobre o uso de medicação ainda é um tabu. Segundo o estudo, 73% dos gestores e 33% dos colaboradores nunca contaram às suas lideranças que fazem uso de remédios, e parte dos que tentaram compartilhar o assunto relataram reações negativas ou falta de acolhimento.

“Quanto mais alto o cargo, menor o espaço para assumir vulnerabilidades. Culturalmente, espera-se que gestores não demonstrem fragilidade, o que agrava o isolamento emocional e impede conversas honestas sobre saúde mental”, explica Diana Gabanyi, CEO e head de Experiências Corporativas da The School of Life.

NR-1: empresas ainda estão atrasadas

A pesquisa também mostra que poucas empresas estão preparadas para lidar com os riscos psicossociais exigidos pela atualização da norma regulamentadora NR-1. Apenas 33% dos líderes e 22% dos demais profissionais afirmam que suas organizações já têm estratégias práticas nesse sentido.

Leia também: Saúde mental é regra para empresas: conheça a nova regulamentação NR-01

“É preocupante ter certeza do despreparo de uma parcela significativa das empresas com relação à atualização da NR-1. Mais do que evitar sanções, é uma questão de responsabilidade social e de sustentabilidade do negócio”, afirma Maria Sartori, diretora da Robert Half.

Dados do levantamento

  • 27% dos líderes e 26% dos liderados receberam diagnóstico de estresse, ansiedade ou burnout no último ano;
  • 40% dos gestores e 33% dos colaboradores dizem que o uso constante de redes sociais prejudica sua saúde mental;
  • 86% dos executivos e 87% dos trabalhadores reconhecem que o bem-estar mental impacta diretamente o desempenho profissional.
“Os remédios podem ser aliados, mas não podem ser a única resposta. As empresas precisam rever sua cultura e suas relações humanas, já que o ambiente de trabalho pode tanto adoecer quanto fortalecer seus profissionais”, observa Saulo Velasco, psicólogo e head de aprendizagem da The School of Life.

O que isso significa?

A saúde mental deixou de ser tema periférico e passou a impactar diretamente a performance e a sustentabilidade das empresas. Enquanto cresce o uso de medicamentos e diagnósticos, ainda falta preparo estrutural, acolhimento e ações consistentes para prevenção.

A diretora Maria Sartori acrescenta que cultivar ambientes mais positivos, que escutem as demandas das pessoas, já se tornou algo inegociável.

* Estagiária sob supervisão de Claudio Marques

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