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62% dos brasileiros dizem não saber como ajudar mulher vítima de violência

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Apenas 38% da população declara ter algum conhecimento sobre leis, tipos de violência doméstica e canais de denúncia - Envato
Apenas 38% da população declara ter algum conhecimento sobre leis, tipos de violência doméstica e canais de denúncia

Por Estadão Conteúdo

redacao@viva.com.br
Publicado em 06/11/2025, às 09h35
São Paulo -  06/11/2025 - Apesar dos avanços nas políticas públicas e nas campanhas de conscientização, 62% dos brasileiros afirmam não ter informação suficiente para ajudar uma mulher em situação de violência, segundo o Índice de Conscientização sobre Violência contra Mulheres, lançado neste mês pelo Instituto Natura e pela Avon. O levantamento mostra ainda que quatro em cada dez brasileiras não reconhecem espontaneamente situações de agressão que já viveram como violência contra a mulher.
A pesquisa, realizada entre junho e agosto deste ano com 4.224 entrevistados acima de 18 anos em todas as regiões do País, indica que apenas 38% da população declara ter algum conhecimento sobre leis, tipos de violência doméstica - física, sexual, patrimonial, moral e psicológica - e canais de denúncia. O estudo também revela que 40% dos brasileiros não se lembram de ter visto campanhas sobre o tema nos últimos 12 meses.
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De acordo com o levantamento, somente 29% dos participantes demonstraram alto ou muito alto nível de conscientização sobre a violência contra mulheres, enquanto 28% apresentaram níveis baixos ou muito baixos. O índice considera conhecimento sobre o tema, atitudes diante de casos de agressão e valores relacionados à percepção social do problema.
"A conscientização é parte da solução do problema social que é a violência contra mulheres e meninas", afirma a superintendente do Instituto Natura, Maria Slemenson. "O índice não é uma pesquisa pontual, mas uma ferramenta perene, um instrumento de acompanhamento da conscientização sobre a violência contra as mulheres, que nos ajuda a compreender se estamos evoluindo enquanto sociedade e a nortear nossas ações para promover transformação social".
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O levantamento também expõe um descompasso entre discurso e prática. Entre as mulheres entrevistadas, 98% afirmaram que tomariam alguma atitude se sofressem violência, especialmente acionar a polícia. No entanto, entre aquelas que de fato passaram por situações de agressão, apenas 73% delas buscaram ajuda, e a maioria o fez de forma privada, sem formalizar denúncia ou acionar as autoridades.
Segundo Beatriz Accioly, antropóloga e líder de Políticas Públicas pelo Fim da Violência Contra Meninas e Mulheres no Instituto Natura, o dado mostra que a violência ainda é tratada como um problema doméstico.
"Embora tenhamos a impressão de que este seja um assunto em evidência na sociedade, a maior parte de nossa população não conhece informações fundamentais a respeito das leis e políticas públicas de proteção e apoio. Esse cenário contribui para que a violência contra a mulher, em especial a doméstica, seja mantida na esfera privada, e não tratada como um problema social mais amplo", afirma.
O estudo também mostra que 96% dos entrevistados reconhecem responsabilidade coletiva diante da violência contra a mulher, mas 60% acreditam que conflitos de casal devem ser resolvidos apenas entre os parceiros, e 15% dizem que não ajudariam por considerar o tema "assunto alheio".
O índice foi aplicado em seis países da América Latina: Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México, e revelou padrões semelhantes: em todos, mais de um terço da população afirma não ter informações suficientes para ajudar uma mulher em situação de violência.

Como denunciar

Denúncias podem ser realizadas em todo o País, 24 horas por dia e sete dias por semana, de forma anônima por meio da Central de Atendimento à Mulher. Os meios de acionar o serviço são:
  • Telefone: 180
  • E-mail: central180@mulheres.gov.br 
  • WhatsApp: (61) 9610-0180

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