Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]No Brasil, o planejamento da aposentadoria costuma ser traçado com base em dados e sonhos, mas a prática nem sempre segue o roteiro. Pesquisas nacionais revelam que fatores como reforma da Previdência, condições de mercado, saúde e renda influenciam fortemente quando, como e se o aposentado vive o futuro que imaginou. Mais que férias prolongadas: é preciso se preparar para o imprevisível.
Muitos brasileiros esperam continuar ganhando dinheiro após a aposentadoria. Porém, dados do Índice Nacional de Informações Sociais (INSS), divulgados pelo Agência Brasil, mostram que grande parte não consegue: aposentados urbanos recebem, em média, R$ 1.863,38, valor abaixo do necessário para muitos manterem sua renda e padrão de vida, forçando-os a seguir trabalhando mesmo após parar formalmente.
Esse descompasso entre expectativa e realidade pode gerar ajustes forçados depois dos 60, quando a reposição profissional é ainda mais difícil.
No modelo brasileiro antigo, muitos se aposentavam por tempo de contribuição (35 anos para homens, 30 para mulheres), com média de idade entre 55 e 56 anos, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Com a mudança trazida pela Reforma de 2019, essa saída antecipada diminuiu, mas ainda há quem pare por doença, corte de pessoal ou necessidade familiar, sem planejamento.
Além disso, aposentadoria antes dos 60 pode representar perda de renda: efeito estimado em cerca de 0,05% a 0,11% do PIB com redução de produtividade e trabalho.
O ideal é diminuir gradualmente a carga horária nos anos prévios à aposentadoria, mas isso não acontece com frequência no Brasil. Estudo da UFF/IBGE revela que muitos entre 50 e 64 anos saem do mercado de forma abrupta, sem uma "aposentadoria suave" ou bicos graduais, configurando um “choque” na rotina e no orçamento.
Segundo projeções do IBGE, a população com mais de 65 anos chegará a 58 milhões até 2060, com o grupo em idade ativa (15–64 anos) diminuindo de 149 milhões (2035) para 126 milhões. Isso significa que menos pessoas estarão contribuindo, enquanto mais dependerão da previdência, fator que pressiona ainda mais os aposentados a manter uma fonte de renda segura.
Planejar a aposentadoria não é fixar data ou salário. É construir um plano resistente a surpresas, valorizando reservas, saúde, renda complementar e hábitos graduais. O futuro ideal exige estratégia: aquele que se adapta ao inesperado é, de fato, bem-sucedido.
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