Dia Mundial contra o Trabalho Infantil alerta para exploração de mão de obra no Brasil

Foto: Envato Elements

Dados mostram que 1,607 milhão de jovens entre 5 e 17 anos estão em situação de trabalho infantil - Foto: Envato Elements
Dados mostram que 1,607 milhão de jovens entre 5 e 17 anos estão em situação de trabalho infantil

Por Beatriz Duranzi

[email protected]
Publicado em 12/06/2025, às 08h04

São Paulo, 12/06/2025 - No dia 12 de junho, além de ser conhecido pelo Dia dos Namorados, o mundo também une esforços contra o trabalho infantil, uma grave violação que ainda afeta 4,2% das crianças e adolescentes brasileiros.

Dados da PNAD Contínua mostram que 1,607 milhão de jovens entre 5 e 17 anos estão em situação de trabalho infantil em 2023, o menor número desde 2016, mas ainda alarmante. Entre eles, 586 mil enfrentam as piores formas desse tipo de exploração, as mais prejudiciais e perigosas à saúde e ao desenvolvimento infantil.

De acordo com o ECA, todas as crianças têm direito ao brincar e ao estudar, direitos ainda desrespeitados, especialmente quando precisam substituir a escola por trabalho. O esgotamento físico, a repetida evasão escolar e a exclusão social causados por essa realidade tendem a comprometer habilidades motoras, cognitivas e emocionais, resultando em impacto permanente no futuro dessas crianças .

Para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, Mauricio Cunha, diretor do ChildFund Brasil, alerta: “O impacto de um ano de trabalho precoce é imenso (…) o futuro da criança não será como poderia ser”, ressaltando que a evasão escolar e os baixos salários perpetuam um ciclo de vulnerabilidade.

A pobreza e a falta de oportunidades

Grande parte desses jovens assume trabalho para complementar a renda familiar, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. A dificuldade de acesso à educação em tempo integral e à proteção social expõe crianças a jornadas longas e tarefas extenuantes, incluindo atividades domésticas e perigosas.

Ligado ao ChildFund há cerca de 60 anos, a organização implementa programas como Eu Me Amo, Eu Me Cuido e PACTO, que envolvem cerca de 30 mil crianças, adolescentes, lideranças comunitárias e educadores em seis estados em 2024. Esses projetos oferecem oficinas educativas, rodas de conversa e atividades esportivas que fortalecem vínculos e mantêm os jovens engajados em ambientes seguros.

Cunha reforça que enfrentar o trabalho infantil requer ação conjunta: “Proteger é criar oportunidades reais para que crianças possam sonhar e construir futuros”.

Monitoramento e queda histórica

Apesar da queda de 14,6% em um ano, segundo dados do IBGE, o trabalho infantil ainda atinge quase 4,2% da população de 5 a 17 anos, com destaque para os adolescentes entre 16 e 17 anos (14,6%). Há também um forte viés regional: o Norte tem o maior percentual (6,9%) e o Nordeste o maior contingente absoluto (506 mil).

Além disso, crianças negras e meninos são desproporcionalmente afetados, 65,2% dos casos envolvem jovens pretos ou pardos, e 63,8% são do sexo masculino.

Combater efetivamente o trabalho infantil exige políticas públicas robustas, fiscalização ativa, capacitação comunitária e ofertas de programas socioeducativos. Além disso, a redução da carga tributária sobre projetos sociais e o fortalecimento da rede de proteção local são essenciais. “Esse enfrentamento é uma responsabilidade de todos”, conclui Cunha. 

Neste Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, vale reforçar: a infância deve ser território de brincadeira, estudo e cuidado, nunca de exploração. 

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias