Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Quando pensamos em estimular o gosto pela leitura nas crianças, é comum imaginar aquela cena dos pais lendo uma história antes de dormir, enquanto a criança se aninha nas cobertas e pega no sono.
Sem dúvida, esse é um momento especial de conexão. Mas, segundo especialistas do Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard, os momentos mais eficazes para cultivar leitores vão muito além da hora de dormir.
A leitura pode (e deve) estar presente em pequenos momentos do dia, de forma leve e integrada à rotina. Desde uma conversa durante o café da manhã até uma observação divertida na ida ao supermercado, tudo pode se transformar em uma oportunidade de aprendizado.
Esse envolvimento precoce com a linguagem é fundamental. Isso porque, ainda de acordo com o jornal americano, crianças que aprendem a ler bem no ensino fundamental tendem a ter melhor desempenho escolar, maiores chances de concluir os estudos e de conseguir oportunidades profissionais de sucesso no futuro.
Confira abaixo 5 atitudes que os pais e responsáveis costumam adotar desde cedo ao criar pequenos grandes leitores:
Mesmo antes de saberem falar, bebês se comunicam, e os pais que respondem a esses sons com palavras, expressões faciais e contato visual estão fazendo mais do que apenas interagir: estão ajudando a desenvolver a linguagem.
Esse processo de "conversa" entre adulto e bebê, é essencial para a formação cerebral e emocional da criança, segundo especialistas da revista Frontiers. Conversas responsivas e frequentes nos dois primeiros anos de vida ajudam a desenvolver o vocabulário e habilidades pré-alfabéticas.
"Você viu o cachorro?", "O que tem aqui?", "Quer virar a página?". Essas perguntas simples, feitas no dia a dia, ajudam a expandir o repertório das crianças.
Mais do que perguntar, é importante dar tempo para que elas respondam, ainda que não falem perfeitamente. Esse espaço para a resposta estimula o raciocínio e a comunicação.
Um estudo publicado na revista ScienceDirect por especialistas em psicologia infantil, mostram que pais que conversam mais e fazem perguntas frequentes contribuem diretamente para que os filhos tenham vocabulário mais rico, fator essencial para uma boa compreensão de leitura no futuro.
Letras estão em todo lugar: nas placas, nas embalagens, nas camisetas. Pais que apontam essas letras no cotidiano e falam sobre os sons que elas representam dão um passo importante rumo à alfabetização.
Mais do que ensinar o nome das letras, é fundamental mostrar os sons que elas fazem. Por exemplo: ao ver a letra "E", pode-se dizer "E de 'eh' (como se diz a letra), mas também como em 'escola'".
Embora muitos pais usem diversos materiais com letras, pesquisas para o Projeto de Linguagem Longitudinal de Chicago, indicam que nem sempre as crianças associam essas letras aos sons correspondentes. Falar sobre os sons ajuda a criança a entender que a escrita é uma representação da fala.
Trava-línguas, músicas, jogos de rimas e brincadeiras verbais ajudam a criança a perceber e manipular os sons das palavras. Isso é essencial para que mais tarde consigam relacionar som e escrita.
Essa habilidade fonológica é uma das bases da leitura. E o melhor: pode ser desenvolvida de forma divertida e espontânea no dia a dia, com músicas e brincadeiras em casa, no caminho da escola ou na hora do banho.
Pais que cultivam leitores não deixam os livros restritos à hora de dormir. Eles leem em diferentes momentos: enquanto preparam o jantar, durante o banho, na sala de espera, no parque. Todo momento é oportunidade.
Rótulos, cartazes, cardápios, placas: tudo pode ser usado como material de leitura. E muitas vezes, ler durante o dia —quando as crianças estão mais alertas— gera ainda mais aprendizado e conversa.
Quanto mais uma criança ouve, vê e interage com palavras, maior será sua familiaridade com a linguagem escrita. E isso é a base para formar leitores fortes, críticos e apaixonados por aprender.
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