Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Após show intimista este ano, Luiz Caldas promete show de rock

Foto: Lucas Elocado

Em turnê pelo Brasil, Luiz Caldas mistura sucessos do axé com hits da música brasileira e internacional - Foto: Lucas Elocado
Em turnê pelo Brasil, Luiz Caldas mistura sucessos do axé com hits da música brasileira e internacional
Alessandra Taraborelli
Por Alessandra Taraborelli alessandra.taraborelli@viva.com.br

Publicado em 21/10/2025, às 09h21 - Atualizado às 11h35

São Paulo, 21/10/2025 - Reconhecido como o Pai da Axé Music, Luiz Caldas trouxe para São Paulo a turnê “Voz e Violão”, em formato intimista. No palco, banquinho e violão, ele apresenta um repertório que mistura seus grandes sucessos do axé com hits da música brasileira e internacional.
O cantor, compositor e instrumentista baiano celebra, este ano, os 40 anos do álbum “Magia” (1985), considerado um marco do axé, que o transformou em um movimento popular no Brasil. Caldas diz que não esperava que o axé se tornasse a potência que é hoje, mas revela que desde o começo levou sua carreira muito a sério. 
O artista, de 62 anos, revela que cuida muito da sua saúde para continuar na ativa, e se considera um "um semi-careta".
Leia também: Alaíde Costa chega aos 90 anos despretensiosa e com agenda cheia
Engana-se quem pensa que essa turnê, mais tranquila e mais próxima do público, é um sinal de desaceleração. Muito pelo contrário, Caldas revelou que para 2026, além de terminar a construção da sua nova casa, vai retomar o seu projeto de discos mensais, que foi interrompido em razão da mudança do estúdio. Foram 147 discos desde 2013.
Ele está montando um show de rock, e tem também os shows de axé e o trio elétrico na agenda.
“São canções de 40 anos atrás e as pessoas cantam até hoje, é porque eu tive essa preocupação. Eu pude levar a minha carreira pelos trilhos que eu construí". 
Luiz Caldas recebeu o Viva no sábado, dia 18 de outubro, no seu camarim, no Sesc Pinheiros, antes do seu primeiro show em São Paulo. Veja a seguir trechos da entrevista.
Viva: O que você faz para se manter ativo aos 62 anos? 
Luiz Caldas: Eu cuido bastante da minha alimentação, eu parei de fumar e de beber há muito tempo. Ou seja, sou um semi-careta. Mas é bem legal, eu faço exercícios, gosto de pedalar. Eu vivo tranquilo e evito problemas. Eu acho que se você conversar e resolver rapidinho, a vida segue, ao invés de ficar remoendo. Esse tipo de coisa atrasa muito o seu lado e faz com que você fique meio deprimido, para baixo. A idade já cobra bastante da parte física toda, se a gente for juntar o cérebro, vai ser terrível. Então, eu não me maltrato tanto assim.
Em algum momento da sua carreira você já sentiu preconceito com a idade no meio musical?
Sinceramente, até o momento, eu não senti nenhum problema quanto a isso. Quanto aos meus colegas, eu acho que quando o artista se cuida, ele é educado com os seus colegas e ele estuda o que ele faz, fica meio difícil para alguém ficar discutindo com ele ou apontando alguns erros. Eu sou um cara que gosta de estudar muito música, o meu ofício, eu sei muito bem o que estou fazendo com ele. Então, ficaria muito difícil, a não ser que alguém queira falar: 'esse tipo de cabelo já está ultrapassado'. Mas é o que eu gosto, então vai continuar assim. 
Temos muitos artistas novos no mercado, você gostaria de fazer parceria com alguém desses novos nomes?
Tem muita gente legal, como a Raquel Reis, que é da minha terra, que tem um trabalho belíssimo também. Mas é aquela coisa, nesse momento eu vejo que os mais novos precisam firmar as ideias deles, eu acredito que quanto mais parcerias eles fizerem com os mais velhos, não seria uma coisa benéfica para a carreira deles. Para questões de números, internet, tudo bem, poderia até ser. Mas eu acredito que para a história musical de cada artista é melhor que no início cada um dê os seus passos, para que construa uma identidade.
Lá atrás, quando começou, você achava que o axé ia ser uma potência? 
Não, de forma nenhuma, quando você está no centro do furacão, não tem como você sentir, você está sendo jogado para todos os cantos. Eu sabia que ali eu estava fazendo a minha carreira, eu estava me preocupando com as minhas canções. Eu toco canções de 40 anos atrás e as pessoas cantam até hoje, é porque eu tive essa preocupação. Eu comecei muito cedo com a música, com sete anos de idade, e aos 16 anos já tocava quase todos os instrumentos, eu só fazia isso.
Ao subir no trio elétrico, eu já era um músico experimentado. Não foi uma coisa que caiu de paraquedas na minha vida. Um exemplo, quando eu gravei o meu primeiro disco, eu vendi 100 mil cópias só na Bahia. Só que eu podia ter gravado em outros Estados, no Rio ou em São Paulo, como era de praxe, mas não teria a mesma força. Porque até aquele momento, o Axé Music era regional, era uma coisa lá da Bahia, uma coisa nossa. De repente, todo mundo amou e me deram um disco de ouro. 
Quando eu cheguei nas gravadoras, eu entrei validado e o mais interessante é que eu era meu produtor, eu que cheguei dizendo o que eu queria, dizendo como ia ser, então eu pude levar a minha carreira pelos trilhos que eu construí.
E deu certo, porque até hoje toda a minha obra e toda a minha carreira eu aproveito da melhor forma possível.
Como você enxerga a cena musical brasileira atual? Você acha que o axé tem espaço para se reinventar? 
Claro que sim, porque o axé não é um ritmo, o axé não é funk, o axé não é samba, o axé se alimenta de tudo isso, ele é híbrido, e por ser assim ele não vai morrer nunca. Tudo que nasceu dos anos 80 para cá, na Bahia é axé, não tem jeito, porque são misturas. Se você vai pegar o 'pagodão', por exemplo, é uma mistura de samba com o pagode antigo, e aí você entra com um ritmo mais lento, queira ou não queira, tudo que estão fazendo lá pode ser chamado de axé. Se você pega Ivete Sangalo e Margareth Menezes, ambas fazem axé totalmente diferente uma da outra, mantendo os seus estilos. 
Você é conhecido por fazer grandes shows no Carnaval, reunir multidões, e agora está com uma turnê no formato de voz e violão. Você quis ficar mais próximo do público?
Com certeza, e o fato do violão é por ser o meu primeiro instrumento. Eu sou violonista, então nesse show a gente pode ouvir um pouco de chorinho, um pouco de música clássica também, que fazem parte do trio elétrico do Axé Music. Quando eu cheguei no trio, a gente utilizava uma música pernambucana, que era o frevo, muito bem feito por Moraes Moreira e por Armandinho, e o trio de Dodô e Osmar, mas não deixava de ser pernambucana, a gente não tinha um estilo nosso mesmo. Aí, eu consegui dar esse presente e receber esse presente da Bahia, então é muito legal poder trazer tudo isso que eu aprendi, tudo que eu vivi no trio, tentar condensar para poder caber num show de uma hora e meia no teatro. 
Leia também: Supla, aos 59, diz que está no melhor momento da vida
Quais são os seus próximos projetos? O que podemos esperar para o final do ano e para 2026? 
Eu estou construindo a minha nova casa, porque eu estou me mudando, e por esse motivo eu parei o meu projeto de discos mensais, por ter de montar de novo o estúdio. Eu pretendo, assim que começar  2026, retomar esse projeto, que é muito legal. Eu lancei 147 discos de 2013 até agora, com 1.470 canções, com parceiros de todos os estilos que você possa imaginar. Tem Hamilton de Holanda e Gilberto Gil, passando por Seu Jorge, Sandra de Sá, Zeca Baleiro, Chico César... é um trabalho muito interessante que eu pretendo retomar.
Existem vários projetos, além de um show de rock que eu estou montando também, tem um show que eu faço de axé, que todo mundo já conhece, tem os trios elétricos, é muita coisa, graças a Deus. 
O que o Luiz Caldas de hoje diria para o Luiz Caldas lá de trás? 
Eu dou até risada para dizer isso, mas diria: ‘velho, segue que você está no caminho bom, está tudo certo’. Eu não mudaria nada, até os atalhos que eu peguei, porque muitas vezes, a gente aprende muito mais com os erros do que com os acertos. A gente não quer afirmar isso, mas isso é uma coisa muito clara. Na minha cabeça, eu errei bastante, por isso que eu aprendi muito também, graças a Deus. 

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias