Junho ou fevereiro? O mistério por trás da data do Dia dos Namorados no Brasil

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Entenda o mistério por trás da data do Dia dos Namorados no Brasil

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 11/06/2025, às 14h04

Enquanto casais ao redor do mundo celebram o amor no dia 14 de fevereiro com o Valentine's Day, no Brasil a troca de presentes e juras românticas acontece meses depois, em 12 de junho. A diferença de datas levanta uma dúvida comum: por que o Brasil escolheu um momento tão distinto para o Dia dos Namorados?

A resposta envolve tradições religiosas, interesses comerciais e até uma campanha publicitária pioneira.

Ao contrário de outras datas que surgiram por tradição ou eventos históricos, o Dia dos Namorados no Brasil foi pensado como uma estratégia de marketing. Em 1948, o publicitário João Doria —pai do ex-governador de São Paulo João Doria Jr.— foi contratado pela loja Exposição Clipper, em São Paulo, para aquecer as vendas no mês de junho, que costumava ser fraco para o comércio.

Inspirado pelo sucesso do Dia das Mães, criado anos antes com ótimo retorno financeiro, Doria decidiu instituir uma nova ocasião voltada ao amor romântico. Junho foi escolhido justamente por ser um período de baixo movimento nas lojas, e o dia 12 ficou definido por anteceder o dia de Santo Antônio, tradicionalmente conhecido como o "santo casamenteiro".

A primeira campanha publicitária da data trazia frases como:

“Não é só com beijos que se prova o amor!” e “Não se esqueçam: amor com amor se paga.”

O sucesso foi imediato. A campanha foi eleita a melhor do ano pela Associação Paulista de Propaganda, e a ideia logo se espalhou para outras regiões do país.

Em pouco tempo, o Dia dos Namorados brasileiro se firmou como uma data nacional e, hoje, movimenta o comércio de forma significativa, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães em volume de vendas.

A origem do Valentine's Day

Já no exterior, a comemoração tem raízes muito mais antigas e está associada à figura de São Valentim, um mártir cristão. O Valentine's Day é celebrado em 14 de fevereiro em países como Estados Unidos, Reino Unido, França e Itália, entre outros.

A versão mais conhecida da história conta que, no século III, o imperador romano Cláudio II proibiu casamentos, acreditando que soldados solteiros eram mais eficientes em batalhas. Contrariando a ordem, o padre Valentim passou a celebrar casamentos em segredo. Descoberto, foi preso e executado em 270 d.C.

Reza a lenda que, enquanto aguardava sua sentença, Valentim se apaixonou pela filha de um dos carcereiros. No dia de sua morte, teria deixado uma carta para a jovem assinada como “do seu Valentim”, origem do costume de enviar cartões amorosos nessa data.

Foi somente no final do século V que o papa Gelásio I oficializou o 14 de fevereiro como o Dia de São Valentim. A data substituiu o festival pagão de Lupercalia, que celebrava a fertilidade e a chegada da primavera na Roma Antiga.

Com o tempo, a data passou a incorporar elementos românticos e comerciais, como flores, chocolates e cartões, tornando-se uma celebração global do amor, mas sem coincidir com o modelo brasileiro.

Tradição X estratégia

Enquanto no mundo o Dia dos Namorados tem base em histórias religiosas e lendas medievais, no Brasil a criação da data foi motivada por interesses comerciais e marketing inteligente. Ainda assim, ambos os casos mostram como o amor e o romance foram usados, seja para celebrar a fé ou para impulsionar o consumo, como uma poderosa ferramenta de conexão humana.

No fim das contas, o que importa mesmo é o sentimento por trás da comemoração. Seja em fevereiro ou em junho, o amor continua sendo celebrado em todas as suas formas.

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