São Paulo, 02/10/2025 - Os gastos totais em viagens nacionais com pernoite alcançaram R$ 22,8 bilhões em 2024, um aumento de 11,7% em relação a 2023. O maior crescimento de gastos foi entre famílias com rendimentos de meio a menos de um salário mínimo. Os dados fazem parte do módulo de turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No total, o ano passado registrou 20,6 milhões de viagens, com 19,3% dos domicílios registrando viagem de ao menos um morador para destino nacional ou internacional. Segundo a análise, cerca de 85,5% dessas viagens foram realizadas com finalidade pessoal, e o lazer foi o principal motivo apontado, representando 39,8% delas, seguido por visitas ou eventos de familiares e amigos (32,2%).
As viagens realizadas por finalidade profissional representaram 14,5%, sendo que 82,7% delas foram para negócio ou trabalho e 11,8% para eventos e cursos de desenvolvimento profissional.
Em
nota publicada pelo IBGE, o analista da pesquisa William Kratochwill diz que o aumento não significa necessariamente maior volume de viagens. “Tivemos o mesmo número de viagens e um gasto maior, o que
significa que viajar está mais caro ou, então, as pessoas estão fazendo viagens mais caras.”
Ele diz ainda que em 2024 houve aumento no rendimento domiciliar per capita, entretanto, isso não se refletiu na distribuição do número de viagens. "Ou seja, apesar da diminuição das desigualdades, as viagens continuam concentradas no estrato da população com maior renda”.
De modo geral, a falta de dinheiro foi o principal impeditivo para 43,7 milhões de domicílios que não registraram viagens, fator citado por 39,2%, seguido de falta de tempo, com 19,1%.
Hospedagem e meio de transporte
No que diz respeito à hospedagem, 40,7% ficaram na casa de amigos ou parentes. Em segundo lugar ficaram os hotéis e resorts, com 18,8%. Os imóveis por temporada, inclusive aqueles por aplicativo, alcançaram 5,2%, enquanto as pousadas foram utilizadas por 5,9%. Apenas em 3,2% das viagens a hospedagem aconteceu em imóvel próprio.
Na maioria dos trajetos nacionais (80,9%), a mesma região foi origem e destino, com destaque para os viajantes que partiram e tiveram como destino o Sudeste (35,3%). Nesse sentido, os viajantes que partiram do Nordeste tiveram o menor gasto médio (R$ 1.206). No entanto, quando o destino era algum Estado dessa região, foram registrados os maiores gastos médios (R$ 2.523). Alagoas foi o Estado que apresentou o maior gasto médio como destino (R$ 3.790).
Já em relação ao meio de transporte, o carro particular ou de empresa (50,7%) foi a opção mais popular, seguida por avião (14,7%) e ônibus de linha (11,9%). Nas viagens de avião, as diferenças são mais profundas: enquanto, entre no grupo de quatro ou mais salários mínimos, as viagens de avião representam 36,2%, esse percentual cai para 3,7% no estrato de menos de meio salário mínimo.
Cultura, gastronomia e viagens internacionais crescem
As viagens de lazer para
cultura e gastronomia foram as únicas que cresceram ao longo de todos os anos da série histórica da pesquisa, diz o IBGE. Em 2020, elas representavam 15,5% das viagens, passando para 21,5 em 2023 e alcançando 24,4% em 2024.
Além disso, as viagens com dois ou três pernoites foram as mais frequentes, com 28,7% do total. Com relação ao destino, com 688 mil viagens foram internacionais, representando 11,1% de crescimento em relação a 2023.