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Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 12/11/2025 - O avanço das plataformas de apostas esportivas, conhecidas como bets, têm alterado de forma significativa o comportamento de consumo no Brasil e provocado impactos diretos em setores estratégicos da economia.
Segundo dados da Kantar, indicam que 13% do orçamento antes destinado à alimentação e bebidas agora é direcionado às apostas, especialmente entre as classes C, D e E.
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A mudança de prioridades tem gerado preocupações no varejo alimentar, que já observa queda nas vendas e redução nas margens de lucro.
Esse fenômeno não se restringe ao aspecto financeiro, há um impacto psicológico importante. Mesmo com alimentos mais acessíveis, os consumidores têm saído das lojas com menos sacolas e a sensação de que estão gastando mais.
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Parte significativa do orçamento migrou para as bets e aplicativos de jogos com recompensas financeiras, especialmente entre aqueles que enfrentam dificuldades econômicas e enxergam nas apostas uma alternativa para complementar a renda.
O consumo de produtos alimentícios diminuiu entre esses grupos devido ao aumento do uso de medicamentos para emagrecimento, como as canetas semaglutidas.
Em 2024, cerca de 3% dos brasileiros com maior poder aquisitivo relataram fazer uso dessas substâncias, o que acabou influenciando seus hábitos alimentares.
O Ministério da Fazenda estima que o setor das bets movimentou R$ 17,4 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025, alcançando 17,7 milhões de apostadores.
A projeção para o fim do ano é de um faturamento de R$ 22 bilhões, o que colocaria o Brasil como o quinto maior mercado de apostas do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia.
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No mesmo período, os hábitos alimentares e de compra das famílias continuaram se transformando. O número de marcas compradas por domicílio aumentou 10% em relação ao ano anterior, e os consumidores têm dado preferência às marcas próprias dos supermercados.
Com preços mais baixos e qualidade semelhante às grandes marcas, esses produtos se consolidaram como uma alternativa para quem busca economizar.
O estudo também mostra que a rotina alimentar está menos estruturada. O café da manhã salgado continua em alta, com crescimento acumulado de 6% desde 2019, e as refeições fora de casa aumentaram 13% até junho de 2025.
Por outro lado, almoço e jantar perderam espaço, com queda de 5,6 pontos percentuais em unidades consumidas. O tempo dedicado ao preparo das refeições também diminuiu, refletindo a busca por conveniência.
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O dinheiro que antes garantia carrinhos cheios e despensas abastecidas agora disputa atenção com as bets e plataformas digitais de aposta.
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