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São Paulo, 22/08/2025 - O envelhecimento da população e a inversão da pirâmide demográfica no Brasil está movimentando o setor de descartáveis, em especial o nicho de fraldas geriátricas. Embora ainda seja popularmente chamado assim, esse tipo de produto vem mudando ao longo dos anos, se aproximando do que os fabricantes chamam atualmente de roupa íntima descartável, modelos que simulam o jeito de vestir das peças de tecido.
Para fabricantes nacionais de fraldas como a CCM Indústria de Descartáveis, o nicho tem ganhado tanta importância quanto os modelos infantis. Em entrevista ao Viva, o CEO Rodrigo Zerbini e o diretor financeiro Lucio Bueno contaram que a empresa deve alcançar R$ 1 bilhão até 2026 apenas nos modelos para adultos.
Para chegar nesse público, a companhia investiu em comunicação, buscando um tom mais empático e aumentando a presença no tema da incontinência, enquanto busca se posicionar como referência em inovação e escuta ao consumidor. "A estratégia não se limita a atrair clientes no Brasil e no exterior, mas também mudar a percepção das pessoas sobre a incontinência."
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Ministério da Saúde estima que 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos sofram com incontinência urinária. De 2020 a 2024 foram realizados mais de 29,3 mil procedimentos cirúrgicos para tratar o problema. Outra pesquisa da consultoria data8 aponta para uma prevalência de 50% entre mulheres durante o climatério e a menopausa.
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Mudar a abordagem em relação ao produto foi um dos principais pontos da comunicação adotada mais recentemente pela empresa. "Enquanto o termo 'fralda' pode remeter a pessoas muito idosas ou doentes, a expressão 'roupa íntima descartável' reflete o novo perfil do público 60+, formado por indivíduos ativos, que trabalham, viajam, praticam esportes e mantêm uma vida social e afetiva plena", destaca Zerbini.
Os produtos para incontinência, pós-operatório e pós-parto da companhia são comercializados para dois mercados principais: farmácias, onde detém 23% de participação das vendas, e redes hospitalares, com fralda abertas específicas para acamados, além de licitações públicas. Na distribuição em farmácias, o destaque são os modelos tipo pants, que prometem mais discrição ao vestir e são voltados para pessoas que se movimentam mais ao longo do dia. "O adulto com mobilidade quer conforto e segurança e não quer que as outras pessoas saibam que ele está usando uma roupa íntima descartável", observa Zerbini.
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No ano passado, o faturamento da companhia cresceu 13,5% e superou R$ 700 milhões. Para 2025, a previsão são R$ 900 milhões, já considerando retorno financeiro de um aporte de R$ 140 milhões para ampliação do parque industrial em Uberaba (MG) e aquisição de máquinas japonesas para iniciar a produção de fraldas tipo pants para adultos e aumentar a produção de modelos infantis.
Lucio Bueno explica que a máquina importada para a nova linha adulta é capaz de produzir, mensalmente, de sete a oito milhões de unidades, levando a empresa a adicionar 15% de volume no mercado, que hoje movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões ao ano.
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