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Danos com vendaval reforçam urgência por rede elétrica subterrânea

Estadão Conteúdo

Custo para aterrar a rede é em torno de 10 vezes o de uma rede aérea, que é o padrão brasileiro - Estadão Conteúdo
Custo para aterrar a rede é em torno de 10 vezes o de uma rede aérea, que é o padrão brasileiro
Por Fabiana Holtz

16/12/2025 | 16h00

São Paulo, 16/12/2025 - Para o professor Edval Delbone, engenheiro eletricista e professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), os estragos provocados pelo vendaval histórico que atingiu a capital paulista na quarta-feira passada, que deixou mais de 2 milhões de imóveis sem luz, poderiam te sido minimizados com mais investimentos por parte da Enel em manutenção. O especialista também destaca a importância de se debater um planejamento contínuo de aterramento da rede, tornando a fiação subterrânea.
Um dia após o evento, na quinta-feira, a Enel Distribuição São Paulo já informava que o vendaval provocou "danos severos" à infraestrutura elétrica e que precisará reconstruir a rede das áreas afetadas. Ontem, a empresa anunciou ter reforçado, "de forma estrutural", o seu plano operacional e que seguirá trabalhando para reduzir o impacto do avanço dos eventos climáticos sobre os clientes na área de concessão que abrange 24 cidades da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital.
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Delbone defende a criação de um grupo multidisciplinar para atacar o problema
Foto: Divulgação
A automação do sistema, como o investimento em religadores automáticos, é também muito importante para limitar os danos de eventos climáticos, acrescenta ele. "Além de tornar o ambiente mais seguro para os trabalhadores".

Medida necessária

O especialista em sistemas de distribuição e qualidade de energia enfatiza que a cidade possui apenas 7% da rede elétrica aterrada (localizada em trechos como Oscar Freire, Avenida Paulista, 9 de julho e 25 de março). Essa rede, no entanto, é de 1960 e precisa ser modernizada.
"O preço para o aterramento é caro, em torno de 10 vezes o custo de uma rede aérea, e sua execução é muito demorada. Levaria mais de 100 anos para aterrar toda a rede da cidade de São Paulo", reconhece o especialista. Um pequeno trecho que foi feito na 9 de julho demorou mais de um ano para ficar pronto, recorda. Entretanto, na visão do especialista esse é um plano que precisa ser retomado, nem que sejam 20 km por ano.
Essa é uma questão que precisa ser debatida nacionalmente, dado que, diante do alto custo do aterramento da fiação, o padrão adotado no Brasil para sua rede de distribuição de energia é o aéreo e uma mudança passaria também por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Pontos estratégicos

Segundo Delbone, seria possível começar pelo aterramento de alguns pontos estratégicos, como nos arredores de hospitais. "A rede no centro tem uma parte subterrânea, e tinha um diâmetro maior que chamava futuro subterrâneo. Mas esse projeto foi abandonado na época da Eletropaulo", explica. 
Outra solução bastante necessária sugerida por ele é a substituição da rede aérea pela rede compacta, que não deixa uma fase tocar na outra, evitando curto circuito.
"É preciso atacar a causa do problema e não o efeito, com manutenção preventiva. Acho necessário também a criação de um grupo multidisciplinar (com arquitetos, engenheiros, biólogos), independente de partido político, para estudar toda a rede elétrica e assim adotar medidas para evitar uma nova situação caótica", defende o engenheiro.
O especialista menciona exemplos de países como Japão e Canadá, que poderiam orientar esses trabalhos.

Critérios técnicos e regulação do setor

Procurada pela reportagem do VIVA, a Enel Distribuição São Paulo informou que possui 40 mil quilômetros de rede de distribuição em sua área de concessão, dos quais aproximadamente 3 mil quilômetros são de rede subterrânea, considerando os níveis de média, baixa e alta tensão. 
A implantação de redes subterrâneas ocorre em situações específicas, a partir de critérios técnicos, operacionais e econômicos, sempre em consonância com a regulação do setor elétrico. Como distribuidora, o papel da Enel é planejar e operar a rede de distribuição, realizando investimentos considerados prudentes pela regulação, explica a empresa. 
Segundo a distribuidora, em razão do seu alto custo a rede subterrânea é adotada como solução técnica pontual, aplicada em situações específicas como áreas de alta concentração de carga ou restrições urbanas severas. 
Sua adoção em grande escala, observa a empresa, resultaria em aumento expressivo da tarifa de energia para todos os consumidores.

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