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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 24/08/2025 - Perder um ente querido já é, por si só, um momento doloroso. Mas além da dor emocional, muitas famílias também precisam lidar com a burocracia e as questões financeiras que surgem após o falecimento.
E uma dúvida comum é: as dívidas deixadas por quem partiu passam para os herdeiros?
A resposta não é tão simples, mas entender as regras ajuda a evitar surpresas e permite que as famílias se preparem com antecedência.
O chamado planejamento sucessório, que envolve tanto a organização da herança quanto a destinação das pendências financeiras, é uma forma de cuidado e de proteção.
Segundo o Código de Processo Civil, quando alguém falece, os herdeiros têm até 60 dias para abrir o inventário. Esse processo formal serve para levantar todos os bens, dívidas e obrigações deixados, além de identificar credores, analisar testamentos e definir a divisão da herança.
O inventário pode ser demorado e custoso: envolve honorários advocatícios, taxas de cartório e o pagamento de impostos sobre a transmissão dos bens.
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Ao contrário do que muitos acreditam, a maior parte das dívidas não desaparece com a morte. Segundo o Código Civil (Lei n 10.406), elas são quitadas com os recursos e bens deixados pelo falecido, nunca com o patrimônio pessoal dos herdeiros.
Exemplos práticos:
Vale lembrar que dívidas de caráter estritamente pessoal, como jogos ou gastos sem contrato formal, não passam adiante.
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Para saldar as pendências, podem ser usados diferentes caminhos:
A legislação brasileira estabelece uma ordem de pagamento, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios:
Em casos de empréstimos ou financiamentos, muitas vezes existe o chamado seguro prestamista, que quita o saldo devedor em caso de falecimento do contratante.
Essa é uma ferramenta importante de planejamento, já que evita que o patrimônio seja usado para pagar dívidas.
Mesmo quando não há dívidas, a família precisa arcar com custos significativos para concluir o inventário, segundo o Código De Processo Civil (Lei nº 13.105). Entre eles estão:
Algumas medidas podem reduzir bastante os impactos financeiros para a família:
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Ninguém gosta de pensar sobre a própria morte, mas organizar as finanças e planejar o futuro é também uma forma de amor e proteção à família.
Isso evita conflitos, reduz custos e garante que os herdeiros passem pelo luto com menos preocupações financeiras.
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