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Por Fabiana Holtz
redacao@viva.com.brSão Paulo, 04/08/2025 – Estudo recente aponta que a nova linha de crédito consignado, também conhecida como “Crédito do Trabalhador”, tem promovido mudanças consideráveis no setor. Segundo dados reunidos pelo Klavi, fintech especializada em inteligência de dados do Open Finance, em poucos meses, o volume de concessões cresceu mais de três vezes, ampliando o acesso ao crédito para uma parcela da população que antes ficava à margem desse mercado.
Sem dúvida, o resultado do choque de oferta confirmou que existia uma demanda reprimida entre os trabalhadores formais.
Entre abril do ano passado e abril de 2025 a concessão de crédito com garantia registrou um salto de 226,5%, enquanto a concessão sem garantia cresceu 11,4%, de acordo dados do Banco Central (BC) reunidos no estudo “Novo consignado, como os brasileiros mais ativos no mercado de crédito estão respondendo à nova política pública”, realizado pela Klavi.
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E qual é o perfil do brasileiro que recorre ao mercado de crédito de maneira tão recorrente?
De acordo com o estudo, ele tende a comparar preços e condições antes de tomar o crédito, buscando sempre a melhor alternativa. Esse público está concentrado nas classes B е С, em uma faixa etária economicamente ativa, especialmente entre 31 e 50 anos, e demonstram baixa fidelidade a um único fornecedor de crédito.
E a maior demanda pelo crédito sinaliza ainda, de acordo com o estudo, potencial dessa política pública para reconfigurar o mercado de crédito pessoal, especialmente pela concorrência direta com linhas sem garantia.
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No âmbito da população que busca crédito constantemente no mercado, a taxa reduziu mais recentemente. Segundo o estudo, entre outubro do ano passado e abril deste ano, as taxas médias mensais de juros caíram tanto no segmento de crédito pessoal sem garantia quanto no consignado para trabalhadores do setor privado.
No primeiro caso, a taxa passou de 7,6% para 6,4%. Já a taxa do consignado passou de 3,38% para 2,77%. Esse declínio se constatou principalmente durante a implementação do Crédito do Trabalhador.
Em resumo, para os consumidores que mais buscam crédito o custo efetivo para novas contratações ficou mais baixo, ao menos no curto prazo.
No recorte por classe social, as classes B e C, que são as principais tomadoras de crédito, partiram de juros mais altos e registraram as maiores quedas, principalmente no crédito pessoal sem garantia.
E a classe C liderou a redução em termos absolutos e, ao fim do período de análise, pagava taxas menores que as classes mais altas. Tal movimento, conclui o estudo, sugere uma resposta mais rápida à política pública e maior adesão a produtos com melhores condições.
Por região foi apurada queda nas taxas em todo o país, mas em ritmos diferentes, com destaque para o Centro-Oeste, que apresentou o declínio mais expressivo na taxa do consignado depois da implementação da nova linha.
Mesmo diante de uma demanda maior, em termos anuais as taxas médias aumentaram. Nos últimos 12 meses encerrados em abril, as taxas anuais médias subiram tanto para o consignado, com alta de 53,5%, quanto para o crédito pessoal sem garantia, que apresentou alta de 10,9%.
Esse movimento sugere que, apesar do aumento da oferta, as instituições financeiras ajustaram suas precificações considerando o risco e a nova dinâmica do mercado.
Outro dado interessante do levantamento é que o valor médio contratado já indicava queda antes da introdução da nova política.
No período de seis meses encerrado em abril, o valor médio no crédito consignado caiu 31,9%. No crédito sem garantia a queda foi de 42,5% no mesmo período, passando de R$ 1.868 para R$ 1.075.
Para Bruno Chan, CEO e cofundador da Klavi, essa nova dinâmica do mercado de crédito imposta pelo Crédito do Trabalhador está exigindo uma resposta rápida das instituições financeiras. "Vemos um tomador de crédito cada vez mais ativo, que compara, negocia e troca de instituição com frequência. Para esse perfil, os dados da Klavi mostram que as taxas mensais vêm caindo, mesmo diante de uma tendência anual de alta", comenta Bruno Chan, CEO e Cofundador da klavi.
Isso sugere, acrescenta ele, que os que dominarem o uso de dados e inteligência de mercado saem na frente na disputa por esse público, que é sensível a preço.
Segundo a Klavi, o acesso a dados mais detalhados e em tempo real permite que instituições financeiras ofereçam crédito mais personalizado e adequado às necessidades do cliente. Isso representa uma vantagem competitiva para quem souber utilizar essas informações na busca por oferecer as melhores condições.
Mas o que é o Open Finance ? É o sistema desenhado pelo Banco Central (BC) para que os clientes dos bancos compartilhem as informações sobre suas contas entre as instituições, em busca de serviços e preços melhores.
Sua implementação significa que dentro de ambientes virtuais dos bancos (aplicativos ou internet banking), o cliente pode autorizar que a instituição para onde ele quer levar seus dados receba diretamente da instituição onde estão suas informações. Tudo que é transmitido com a autorização do cliente e o processo é feito em um ambiente seguro. E essa permissão pode ser cancelada pelo cliente a qualquer momento.
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