O que são resoluções de Ano Novo e como fazer corretamente
Pixabay
Por Larissa Crippa
redacao@viva.com.brSão Paulo, 30/12/2026 - Com a chegada de um novo ano, muitas pessoas passam a listar metas e objetivos na tentativa de buscar uma versão melhor de si mesmas, seja no âmbito pessoal, profissional ou emocional. Essas listas são chamadas de resoluções de Ano Novo, e fazem parte de uma tradição antiga, mas que segue atual: o desejo simbólico de recomeçar. Ainda assim, manter essas metas ao longo dos meses costuma ser um desafio para a maioria.
Leia também: Estudo mostra que ouvir música pode reduzir risco de doença em idosos
Segundo pesquisas da American Psychological Association (APA), o problema não está necessariamente na falta de disciplina, mas na forma como esses objetivos são formulados. Metas focadas em adotar novos hábitos ou introduzir mudanças positivas têm maior taxa de sucesso do que aquelas baseadas apenas em evitar comportamentos indesejados. Um levantamento do Journal of Clinical Psychology de 2020 mostrou que 58,9% das pessoas que criaram resoluções voltadas a “fazer algo novo” conseguiram cumpri-las, contra 47,1% das que optaram por metas do tipo “parar de”.
Leia também: Apesar de estar na moda, jejum intermitente pode prejudicar saúde de idosos
A importância psicológica de estabelecer metas
Do ponto de vista psicológico, estabelecer resoluções está diretamente ligado à renovação de hábitos e comportamentos. Segundo o psicólogo clínico Juliano Dias, que atua com foco em Terapia Cognitivo-Comportamental, o ato de recomeçar tem um papel importante na motivação e no bem-estar emocional. Segundo ele, trabalhar objetivos ao longo do ano, e não apenas em janeiro, potencializa os benefícios dessas metas no desenvolvimento pessoal.
“Tudo imposto pelo mundo externo tende a ser vivido como obrigação, o que gera resistência e favorece o abandono”, explica o especialista. Por isso, metas alinhadas aos valores pessoais e à realidade de cada indivíduo ajudam a reduzir o estresse, especialmente aquele provocado pela comparação social, além de favorecer o autoconhecimento.
Leia também: Idosos têm mais tempo de tela do que jovens adultos, aponta estudo
O que a ciência diz sobre resoluções de Ano Novo
A ciência ajuda a explicar por que algumas metas funcionam melhor do que outras. Metas formuladas de maneira positiva ativam o sistema de recompensa do cérebro, estimulando a liberação de dopamina, neurotransmissor associado à motivação e ao prazer. Esse mecanismo faz com que pequenas conquistas ao longo do caminho sejam percebidas como recompensas, aumentando as chances de continuidade do comportamento.
Já metas baseadas apenas em restrição ou negação, explica o psicólogo, como “parar de comer doces” ou “não procrastinar”, tendem a ativar respostas de estresse. Esse tipo de formulação costuma gerar culpa, frustração e sensação de fracasso quando algo sai do planejado, o que enfraquece a motivação ao longo do tempo. Reformular o objetivo para algo como “incluir uma fruta à tarde”, por exemplo, torna o processo psicologicamente mais sustentável.
Leia também: Vai viajar? Saiba quais vacinas tomar para sair de casa protegido
Qualidade de vida é o foco
Outro ponto destacado por Juliano Dias é a importância de integrar metas de bem-estar emocional, físico e mental. Para ele, essas dimensões são interdependentes e fundamentais para a manutenção da saúde psicológica ao longo de todo o ano. O problema, segundo o psicólogo, é que o esgotamento causado pelo estresse cotidiano frequentemente leva ao abandono do autocuidado, seja na alimentação, na prática de exercícios ou na atenção à saúde mental.
“Muitas pessoas sentem dificuldade em equilibrar corpo e mente e acabam justificando esse abandono pela falta de tempo ou pela sensação de que tudo é muito difícil”, afirma. Nesse contexto, resoluções pouco realistas tendem a gerar ainda mais frustração.
Leia também: PL propõe sistema de governança para a inteligência artificial no País
Foque em metas realistas e busque apoio emocional
Expectativas irreais e objetivos excessivamente ambiciosos estão entre os principais fatores que levam ao abandono das resoluções. O especialista explica que, ao não alcançar o que foi proposto, a pessoa pode desenvolver sentimentos de baixa autoestima e fracasso, o que compromete a continuidade do processo. Ter uma estrutura de apoio, seja por meio de grupos, familiares ou acompanhamento psicológico, pode tornar o caminho menos árduo.
O autoconhecimento também aparece como peça-chave nesse processo. Conhecer os próprios limites, identificar gatilhos emocionais e ajustar expectativas permite que as metas sejam progressivas e possíveis. Pequenas conquistas, segundo o psicólogo, funcionam como combustível para a ação e ajudam a manter a constância necessária para mudanças duradouras.
Mais do que listas extensas ou promessas grandiosas, as resoluções de Ano Novo funcionam melhor quando são realistas, alinhadas aos valores pessoais e encaradas como parte de um processo contínuo de cuidado consigo mesmo.
Leia também: 5 aplicativos que ajudam idosos a ter mais saúde, segurança e autonomia
Comentários
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.
