São Paulo, 31/10/2025 - O recente conjunto de dados sobre a taxa de desemprego no Brasil indicou um cenário de estabilidade no mercado de trabalho, com a taxa se mantendo em 5,6% no trimestre encerrado em setembro de 2025. Embora diversos analistas tenham apontado leves flutuações, o consenso é de que o mercado permanece aquecido, com possível desaceleração futura, mas ainda mantendo níveis de emprego fortes e sustentáveis.
O resultado ficou pouco acima da mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de 5,5%, com intervalo entre 5,4% e 5,8%.
Para o fim deste ano, a mediana das projeções é de taxa de 5,7%, com intervalo entre 5,3% e 6,3%.
O resultado em setembro é o menor resultado em toda a série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. No trimestre encerrado em setembro de 2024, a taxa de desocupação (desemprego) havia sido de 6,4%.
A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 18,525 bilhões no período de um ano, para R$ 354,6 bilhões, uma alta de 5,5% no trimestre encerrado em setembro ante o trimestre terminado em setembro de 2024.
Na comparação com o trimestre terminado em junho, a massa de renda real subiu 0,4%, com R$ 1,349 bilhão a mais.
Impacto na taxa de juros
A percepção de que o mercado de trabalho segue aquecido, tanto diante dos dados da Pnad hoje e da publicação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro, ontem, que exibiu geração de vagas no mercado formal bastante acima do previsto no mês, mostram que
a taxa Selic deve seguir alta.
O Caged trouxe geração líquida de 213 mil postos de trabalho com carteira assinada no mês passado, frente à mediana das estimativas de 169 mil vagas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast.
A aposta da maioria dos economistas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana é de manutenção da taxa básica de juros nos atuais 15%.
A lógica por trás dessa perspectiva é que o vigor do mercado de trabalho e da renda da população tem potencial de gerar inflação - e o remédio da política monetária para conter a inflação é aumentar a taxa de juros. Com mais dinheiro para consumir e tendo um trabalho formal, as famílias compram mais bens e serviços, o que pode gerar preços mais altos.
Do lado das empresas, o custo de produção e o acesso a linhas de financiamento se torna mais caro diante dos juros altos, e elas tendem a encarecer o preço final de seus produtos e serviços como forma de compensação. Isso tudo pode resultar em inflação, um risco que o Banco Central não quer correr, justificando portanto a manutenção da taxa Selic em patamar restritivo.