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Por Fabiana Holtz, do Broadcast
[email protected]São Paulo, 23/05/2025 – As manchetes dos últimos dias comemorando níveis históricos do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, que alcançou da máxima de 140.243,86 pontos no último dia 20 de maio, podem não chamar muito a atenção de quem não costuma investir em ações. No entanto, essa festa dos investidores tem repercussões relevantes para a concessão de crédito, que tende a ficar mais barato, e para os níveis de emprego e renda, que tendem a subir.
Em linhas gerais, como explica a especialista em investimentos e pós-graduada com MBA em Finanças, Auditoria e Controladoria pela FGV, Adriana Ricci, quando o índice da Bolsa brasileira sobe, isso significa que empresas de grande porte e que têm capital aberto estão mais valorizadas e com suas ações em alta. Isso favorece a captação de recursos por elas para investimentos em produção, logística e expansão.
O cenário mais positivo pode se converter, no âmbito dessas empresas, na abertura de novas unidades, em aumento da produção, no lançamento de novos serviços e consequentemente na abertura de vagas diretas e indiretas de emprego", afirma a especialista.
O professor Marcelo Fonseca, mestre em Economia e diretor de operações na consultoria e auditoria HLB, pondera que o impacto da alta do Ibovespa deve ter reflexos nos lucros das empresas, que ao serem beneficiadas pelo ambiente mais positivo investem mais no País, com efeitos benéficos sobre o emprego e a renda.
Entretanto, é preciso levar em conta a natureza volátil do mercado acionário. Para que esses benefícios cheguem ao trabalhador essa onda positiva precisa ser mais prolongada e não apenas pontual. "A alta da bolsa teria de ser duradoura o suficiente para que seus reflexos afetem a economia no médio e longo prazos", destaca Fonseca. Afinal, o mercado de bolsa de valores lida com altas e baixas e oscilações ao sabor de eventos políticos e econômicos.
Na prática, no bolso dos trabalhadores, Fonseca lembra que a abertura de vagas tem uma consequência direta na valorização do salário. "As condições de trabalho também melhoram, pois os investimentos em capacitação e retenção de talentos aumentam."
Conforme Adriana Ricci, mesmo quem nunca comprou uma ação pode sentir alguns efeitos positivos. “Fundos de previdência privada, planos de aposentadoria e até seguros de vida aplicam parte do dinheiro que recebem no mercado de ações e quando a Bolsa está em alta, esses investimentos têm mais retorno e isso pode se reverter em mais rendimento no longo prazo”, explica.
Dentro da lógica de 'uma coisa puxa a outra', essa onda positiva no mercado de ações, caso seja prolongada, também tem reflexos para os cofres públicos. Empresas que lucram mais pagam mais impostos e distribuem mais dividendos, o que pode aumentar a arrecadação do governo. "Se bem administrado, esse dinheiro pode ser revertido em investimentos em infraestrutura, educação e saúde, o que impacta na vida e no cotidiano de todo mundo”, destaca a especialista.
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