Ócio faz bem para o cérebro e melhora seu aprendizado, revela estudo

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Curiosamente, o cérebro pode usar os dois tipos de aprendizado ao mesmo tempo - Foto: Envato Elements
Curiosamente, o cérebro pode usar os dois tipos de aprendizado ao mesmo tempo

Por Joyce Canele

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Publicado em 11/07/2025, às 11h43 - Atualizado em 12/07/2025, às 14h15

São Paulo, 12/07/2025 - Em uma sociedade que valoriza a produtividade o tempo todo, muitas pessoas acreditam que ficar sem fazer nada é perda de tempo ou até prejudicial. Porém, uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Médico Howard Hughes, nos Estados Unidos, mostrou que o cérebro continua ativo e aprendendo mesmo quando não está focado em tarefas específicas.

O estudo, publicado em junho na revista Nature, acompanhou a atividade cerebral de camundongos e percebeu que o cérebro funciona mesmo em momentos sem instruções, metas ou recompensas.

Segundo um dos autores, Marius Pachitariu, mesmo quando a pessoa está distraída ou parece não fazer nada importante, o cérebro trabalha para organizar o ambiente e guardar informações, para que, quando for necessário prestar atenção, esteja preparado para agir da melhor forma.

Por que o descanso é tão importante?

Momentos de descanso são importantes porque ajudam o cérebro a:

  • Consolidar memórias;
  • Reduzem o estresse; e
  • Melhoram o foco.

Pausas também favorecem a criatividade, permitindo que o cérebro forme novas conexões e encontre soluções diferentes para problemas. Além disso, esses períodos de ócio contribuem para a saúde mental, prevenindo ansiedade e depressão, e ajudam a melhorar o humor e o bem-estar.

No estudo, os cientistas usaram um ambiente de realidade virtual para observar os camundongos explorando corredores com diferentes texturas visuais. Algumas texturas estavam associadas a recompensas, outras não.

Após mudanças sutis no cenário, a equipe notou que os animais que exploraram livremente aprenderam mais rápido a associar as texturas às recompensas, quando comparados aos que foram treinados diretamente para realizar tarefas.

Isso indica que não é sempre necessário um ensino direto para aprender, pois o cérebro pode absorver informações do ambiente de forma inconsciente e se preparar para o futuro. O autor principal da pesquisa, Lin Zhong, explicou que a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender, pode ocorrer mesmo sem um treinamento explícito.

Os cientistas também descobriram que o córtex visual, parte do cérebro responsável por processar informações visuais, possui áreas diferentes que trabalham para tipos distintos de aprendizado. Algumas delas atuam quando o aprendizado é espontâneo e não supervisionado, e outras se ativam em situações com tarefas específicas. Curiosamente, o cérebro pode usar os dois tipos de aprendizado ao mesmo tempo.

Essas descobertas ampliam a compreensão sobre como o cérebro aprende e abrem caminho para novos estudos sobre os processos que ocorrem durante o ócio, mostrando que ele pode ser tão importante quanto o aprendizado orientado e com metas claras.

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