São Paulo, 19/11/2025 - Hoje (19/11) é comemorado o dia internacional do Empreendedorismo Feminino, e as mulheres estão cada vez mais atuantes no mundo corporativo. Dados do Sebrae mostram que elas estão presentes em todos os setores, mas se destacam principalmente em serviços (42,14%), comércio (53,84%) e indústria (17,53%).
No recorte por segmento, saúde e bem-estar (20,8%) e moda e confecção (15,4%) lideram como áreas de atuação, seguidas por alimentação, educação e casa & construção. A faixa etária predominante dessas empreendedoras está entre 35 e 44 anos, seguida pelo grupo de 45 a 54 anos, o que reforça um perfil experiente e estratégico.
Embora o empreendedorismo feminino esteja cada vez mais presente na economia brasileira, as mulheres ainda convivem com barreiras silenciosas que limitam o crescimento real à frente de negócios.
Segundo pesquisa do Grupo X, hub de educação empresarial do Brasil, 39,7% das empreendedoras afirmam que o medo de falhar é o maior desafio atual, superando obstáculos clássicos como a dupla jornada (25,9%), a burocracia (17,2%) e a dificuldade de acesso ao crédito (17,2%).
O dado mostra que mais mulheres estão empreendendo, mas a autossabotagem e a insegurança continuam sendo fatores que travam a expansão de empresas lideradas por elas. Esse movimento revela que o maior gargalo já não é apenas estrutural, mas emocional, o que exige uma nova abordagem para consolidar o protagonismo feminino na economia real.
De acordo com especialistas ouvidos pelo Grupo X, o medo de errar está profundamente ligado à pressão social e à cobrança desproporcional sobre o desempenho feminino.
“O medo de falhar é um reflexo de uma cultura que ainda associa o sucesso da mulher à perfeição. Quando ela erra, a sociedade reage de forma mais dura. Isso cria um ambiente em que muitas preferem não arriscar”, analisa Jorge Kotz, CEO do Grupo X.
A pesquisa, que ouviu 180 mulheres espalhadas pelo Brasil, também mostra que 74,4% das empreendedoras já enfrentaram preconceito ou resistência por serem mulheres, e que 29,2% delas apontam o planejamento estratégico como a principal área em que ainda precisam se desenvolver.
Os dados reforçam que o avanço das mulheres nos negócios é consistente, mas exige um olhar integral que una capacitação técnica, saúde emocional e rede de apoio, elementos indispensáveis para transformar crescimento em sustentabilidade.
Para Kotz, o dado de que 39,7% das empreendedoras ainda temem falhar é um chamado à ação coletiva.
“A superação desse cenário passa não apenas por políticas públicas e acesso a crédito, mas por uma mudança cultural que normalize o erro como parte do aprendizado. O sucesso feminino precisa deixar de ser exceção e virar consequência. Quando a mulher empreendedora aprende a lidar com o medo, ela não apenas cresce, ela transforma todo o ecossistema ao redor. O Brasil ganha em inovação, diversidade e competitividade.”
Preparo e estratégia
Sigrid Guimarães recomenda foco no planejamento e muito estudo para garantir o sucesso do seu negócio Foto: Divulgação
Em meio ao número crescente de mulheres empreendedoras, Sigrid Guimarães, planejadora financeira e CEO da Alocc Gestão de Patrimônio, afirma que empreender exige preparo financeiro, principalmente diante de uma perspectiva de vida produtiva e ativa cada vez longeva.
Guimarães, cuja gestora administra mais de R$ 10 bilhões em ativos, reforça que muitas mulheres, principalmente as acima de 50 anos, começam um negócio por necessidade, sem estratégia. Segundo ela, o planejamento financeiro pode ser o ponto de virada para essas mulheres alcançarem a autonomia real, segurança e prosperidade de longo prazo.
"Uma das coisas mais importantes do planejamento é entender o quanto você (ou o seu negócio) custam por mês. É surpreendente como a maioria das pessoas não sabe o quanto gasta por mês para viver, principalmente em uma realidade que cada vez mais pessoas estão chegando aos 100 anos de idade."
Portas ainda estão se abrindo
No âmbito das grandes empresas, por exemplo, o acesso das mulheres aos cargos mais elevados (seja em conselhos ou na presidência) tem crescido, mas o caminho ainda é longo na avaliação de Guimarães.
O porcentual de mulheres CEOs e em conselhos de empresas no Brasil ainda é muito pequeno, existe uma herança cultural que está começando a perder força. Hoje temos mulheres na presidência de bancos de estatais.Vejo coisas que não via no passado e um movimento real para trazer mulheres para dentro dos conselhos.
Mesmo diante de barreiras como o medo de errar e a pressão social por mostrar logo a que veio, a planejadora defende que empreender é exatamente uma grande oportunidade de crescer, considerando que não haverá ninguém dizendo o que você pode ou não pode fazer. "Preparar um plano de negócios e estudar bastante para descobrir qual é o caminho mais viável faz parte do processo", ensina.
Gastar tempo estudando a viabilidade desse projeto antes de empreender é essencial, afirma Guimarães, e buscar a consultoria de um planejador financeiro é fortemente recomendável.
Hoje vemos bancos de investimentos fazendo eventos voltados para mulheres. O público feminino está querendo tomar pé da sua situação financeira e temos muito investimento em diversidade. No momento 65% do meu quadro de funcionários é composto por mulheres, o que era impensável no passado. Isso é uma pequena amostra, mas que sinaliza que o mundo está mudando.
Se atualizar por meio de cursos e eventos contribuem para enfrentar com menos dificuldades os desafios que a vida empreendedora coloca. Além do Sebrae, também é possível encontrar cursos e eventos voltados para o empreendedorismo na FecomércioSP, Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por meio do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), promove ações de capacitação, eventos de networking, debates e projetos para incentivar o empreendedorismo entre as mulheres, oferecendo um espaço de apoio, colaboração e desenvolvimento de negócios, entre outros.
Se você quer começar a empreender é importante se preparar para esta etapa. Para isso, o Sebrae disponibiliza algumas sugestões que podem ajudar nessa trajetória. São elas:
Estabeleça metas claras
Definir objetivos com clareza é o primeiro passo para o sucesso. Busque elaborar um plano de negócios que inclua metas de curto, médio e longo prazo para guiar seu crescimento. Trata-se de um documento que detalha os principais objetivos da sua empresa e as estratégias para atingir os resultados desejados.
Rede de apoio
Uma rede de apoio composta por outras empreendedoras e profissionais pode ser uma grande aliada. Além de promover a troca de experiências e aprendizado, essa rede fortalece a divulgação e o crescimento do seu negócio, aumentando as chances de sucesso.
Mídias digitais como aliada
A transformação digital oferece novas oportunidades para empreendedoras em diversos setores. Utilize redes sociais, e-commerces e outras plataformas digitais para expandir a visibilidade do seu negócio. Ferramentas como Instagram Shopping, WhatsApp Business e Google Meu Negócio podem facilitar sua presença online e ampliar seu alcance.
Organize as finanças
Uma boa gestão financeira é vital para a saúde do negócio. Manter as finanças organizadas, separando despesas pessoais das empresariais. Gerenciar o fluxo de caixa corretamente ajuda a evitar dívidas e a garantir um crescimento sustentável.
Invista em inovação
Inovar é uma estratégia valiosa para se manter competitiva no mercado. Acompanhar as tendências e as novas demandas dos consumidores pode abrir caminhos para oportunidades. Mais do que seguir modelos, a inovação permite agregar valor, criar diferenciação e trazer relevância ao que sua empresa oferece.
Busque capacitação
O conhecimento é uma poderosa ferramenta para se destacar no mercado. Capacitar-se continuamente em áreas como gestão financeira, marketing digital e liderança é crucial.
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