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São Paulo, 15/11/2025 – Jogada de mestre do Banco Central (BC), o Pix construiu uma história irrefutável de sucesso desde o seu lançamento, em 16 de novembro de 2020. A praticidade, segurança e rapidez implícita nessa ferramenta de pagamento instantâneo têm servido de referência e segue atraindo a atenção das principais economias do mundo.
A magnitude dos números que o envolvem surpreende até mesmo seus criadores. Por ano, o Pix já movimenta mais do que o dobro do PIB brasileiro. No segundo trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto brasileiro (a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país e importante indicador de atividade econômica) totalizou R$ 3,2 trilhões. Segundo dados do próprio BC, somente no mês de setembro de 2025 as transações via Pix somaram R$ 1,66 trilhão, maior valor desde o início da série histórica.
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Em cinco anos foram movimentados R$ 85,5 trilhões, de acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sendo realizadas 196,9 bilhões de transações.
Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, destaca que o Pix permitiu novos modelos de negócios e levou os brasileiros a empreender de uma forma que não se pensava ser possível anteriormente.
“Isso resultou na dinamização em uma série de atividades. De fato, sua rápida adoção pela população o transformou em um motor de inclusão financeira.”
Em uma retrospectiva das principais mudanças do Pix anunciadas neste ano, é possível afirmar que o Pix Automático, o Pix Parcelado e o Pix por aproximação já fazem parte do cotidiano dos brasileiros.
A rapidez, facilidade e conveniência, além da disponibilidade 24 horas por dia, aliada a não cobrança de taxas para pessoas físicas são vistos como parte do segredo do sucesso do Pix.
Economistas apontam ainda que sua rápida popularização tem levado a uma substituição do uso do dinheiro em espécie, o que representa uma economia em termos de logística que envolve a impressão de notas – que é muito custosa.
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Na visão de Alex Hoffmann, CEO e cofundador da PagBrasil, fintech brasileira de soluções de pagamentos, 2025 marca o início da fase de maturidade e regulação mais estruturada do sistema.
Segundo ele, essa seria quase como uma "fase 2.0 do Pix", focada em segurança, compliance e consolidação. "O Pix de 2025 é muito diferente do de 2024. O quinto ano foi o da virada: o BC olhou para o que o mercado construiu e começou a regular de forma mais estruturada. Agora o recado é claro: acabou a brincadeira, o Pix não é mais uma criança", comentou.
Entre as novas modalidades, Hoffman acredita que o Pix Automático é o que tem maior potencial de transformação, com capacidade de ocupar uma fatia relevante do mercado de cartões.
Lígia Lopes, CEO da Teros, plataforma de automação focada em soluções para gestão de preços e Open Finance, concorda que o Pix segue forte como um dos maiores cases de pagamentos instantâneos do mundo.
Agora o Pix entra em uma fase importante de amadurecimento que precisa de revisão de segurança, aperfeiçoamento regulatório e evolução contínua da experiência para garantir que o sistema siga crescendo com qualidade, confiabilidade e impacto positivo na vida das pessoas e das empresas”.
Segundo ela, não à toa, o modelo virou referência internacional e já começa a inspirar potenciais concorrentes no exterior. “Enquanto o mercado americano ainda discute stablecoins, o Brasil já opera em tempo real no dia a dia”, diz Lopes.
No âmbito da segurança, o BC foi ganhando a confiança dos ainda reticentes em usar a ferramenta ao reforçar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), permitindo o estorno de valores em casos de fraude ou golpe. A medida é vista como a mais importante anunciada no ano, na avaliação do professor Felipe de Melo, do curso de Gestão em Segurança Pública EAD da UniCesumar.
Além de transformar o jeito como pessoas e empresas movimentam dinheiro de forma definitiva, a ferramenta segue ganhando novas funcionalidades. A lista é longa:
Lançado em junho de 2025, funciona como uma espécie de débito automático que pode ser utilizado para qualquer pagamento recorrente com valor fixo, como mensalidades escolares e boleto do plano de saúde. O recebedor pode definir o período de recorrência, o limite máximo por pagamento e a data de expiração da autorização. A conta recebedora deve ser obrigatoriamente uma conta PJ.
Em vigor desde 2021, com ele você pode programar pagamentos, como contas fixas da casa e despesas planejadas. Todas as informações podem já ser pré-configuradas pelo usuário. A versão aprimorada, conhecida como Agendado Recorrente, foi lançado em outubro de 2024. Essa funcionalidade elimina o risco de esquecimentos e a inadimplência, além de oferecer custos de transação mais baixos que boletos bancários e cartões de crédito.
Com essa funcionalidade o Pix chegou ao varejo físico em fevereiro de 2025. Ela permite que carteiras digitais adicionem o Pix como meio de pagamento por aproximação em maquininhas e pontos de venda (POS) habilitados com NFC, sistema semelhante ao uso de cartões por aproximação.
Introduzida em fases a partir de novembro de 2022, com ela o usuário pode iniciar um pagamento dentro de aplicativos e sites parceiros. O processo é até 50% mais rápido que o método tradicional, com notificações instantâneas para o recebedor em caso de aprovação, rejeição ou cancelamento.
Em vigor desde meados de junho de 2025, com essa funcionalidade é possível configurar regras para automatizar transações instantâneas entre contas de mesma titularidade. Com ele, o usuário fica livre de entrar no cheque especial caso tenha saldo suficiente em conta em outro banco. Utiliza o Open Finance para comunicar entre bancos e fintechs diferentes.
Em fase final de definição no BC, a grande novidade de 2025 permite o parcelamento de compras via Pix, mantendo a liquidação imediata para o recebedor. No momento, o BC discute com o setor financeiro se o modelo seguirá o crédito direto ou o intermediado por instituições participantes.
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Em 2026 o BC se prepara para lançar o Pix Garantido. Essa nova funcionalidade irá possibilitar que as empresas recebam antecipadamente parte dos valores que tem a receber, vinculando esses recebimentos ao pagamento de empréstimos. Isso irá baratear o crédito e visa favorecer pequenos negócios.
“Hoje temos 170 milhões de adultos usando o Pix e mais de 20 milhões de empresas. Ele realmente se tornou uma ferramenta de cidadania econômica”, afirmou Renato Gomes, durante live mensal do BC que tratou sobre o assunto.
“Essa funcionalidade democratiza o acesso ao crédito produtivo e reduz o risco das instituições financeiras, o que tende a tornar os juros mais competitivos”, explica o professor Felipe de Melo, da UniCesumar.
Outra medida prevista é a exigência de autorização prévia do BC para todas as instituições de pagamento até maio de 2026. Com isso, o BC espera garantir que apenas empresas com estrutura financeira e controles de risco adequados possam operar no sistema. Na prática, a medida eleva a segurança do mercado e a confiança dos usuários.
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