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Por Fabiana Holtz e Célia Froufe, da Broadcast
redacao@viva.com.brSão Paulo, 11/08/2025 – O preço do café, item básico para as manhãs da maior parte dos brasileiros, que já estava disparado mesmo antes da imposição de tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras do produto para os Estados Unidos, dificilmente deve recuar. No contexto atual, reforçam entidades do setor, a perspectiva é de que os preços do grão permaneçam no elevado patamar em que se encontram.
Essa é a avaliação da diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC), Vanúsia Nogueira. "Não prevejo que o preço do café vá baixar no Brasil mesmo se pararem as vendas para os EUA, pois os produtores não estão com a corda no pescoço como já estiveram no passado. Passou o tempo em que não tinham dinheiro. A situação hoje está melhor e podem investir em armazenamento", disse.
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Recentemente, um grupo de exportadores brasileiros recorreu a empresários dos Estados Unidos para engrossar o coro do impacto inflacionário que virá do tarifaço em produtos consumidos no dia a dia dos americanos.
Produtos básicos como café e suco de laranja terão custo maior na importação com a tarifa de 50%, já que a conta é paga por quem importa. O Brasil fornece a maior parte do que é consumido desses dois produtos no mercado norte-americano, ou 70% do suco de laranja e 34% do café.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) acredita que há precedente para reversões tarifárias e que a existência de uma lista de exceções demonstra espaço para avanço nas tratativas. "Temos na história recente das relações comerciais casos de outros países com reversões de escalada de tarifas", afirmou a entidade em nota antes da entrada em vigor das tarifas.
O preço do café tem sido marcado por altas e recordes este ano, com especialistas prevendo que os valores elevados devem persistir até 2026, o que dá mais margem para que os cafeicultores possam esperar pela venda.
Para o consumidor, após 18 meses de subida, o preço do pó caiu pela primeira vez em julho, de acordo com o IBGE. A baixa mensal foi de 0,36% - desde dezembro de 2023 não havia sido registrada qualquer redução. O valor nas gôndolas dobrou desde então.
Vanúsia Nogueira ressalta que o grão mais comum pode ficar por cerca de um ano estocado e mesmo os cafés especiais podem permanecer guardados por um pouco menos de tempo, mas que quase chega a esse período também sem perder a qualidade para a venda. "Ninguém precisa ter desespero. É possível termos tempo e tratar do assunto com serenidade", assegurou.
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A busca por novos mercados, porém, não deverá sair do radar dos cafeicultores, de acordo com a diretora da OIC. Um dos destinos que vem chamando mais atenção é o da China. Ela explicou que, apesar de ter havido um aumento de consumo muito grande no gigante asiático, ainda se trata de um nicho pequeno, marcado por jovens de classe alta, e que, portanto, ainda deve demorar alguns anos para que o hábito seja mais disseminado no país. Outras nações, no entanto, devem ser prospectadas.
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