Foto: Envato Elements
Por Gabrielly Bento
[email protected]Um mergulho nostálgico nos comerciais de TV dos anos 1990 e início dos anos 2000 chama a atenção dos brasileiros nas redes sociais. Alguns vídeos podem reacender a memória coletiva ao exibir propagandas de supermercado da época que revelam os preços surpreendentemente baixos de produtos básicos — um cenário bem distante da realidade atual.
Naquela década, era possível levar para casa um pacote de cinco quilos de arroz por cerca de R$ 2,80. Outras ofertas chamam ainda mais atenção: uma caixa com uma dúzia de ovos custava R$ 0,99, o quilo do presunto Sadia saía por R$ 3,99 e o quilo do queijo mussarela a R$ 4,99.
Itens como o pão francês, que hoje é vendido por peso e pode ultrapassar R$ 1,50 a unidade, eram vendidos por meros cinco centavos. O café, em embalagem de 500 gramas, custava R$ 1,99. Confira outros exemplos:
Esses valores, inimagináveis nos dias de hoje, ajudam a ilustrar a corrosão do poder de compra ao longo dos anos. Entre 1994 e 2019, o real perdeu mais de 83% do seu valor de compra. Isso equivale a uma inflação acumulada de quase 500% no período.
Em 1994, início do Plano Real, o salário mínimo era de R$ 64. Já em 1999, ano em que muitas das propagandas exibidas no vídeo foram veiculadas, o piso salarial chegava a R$ 136. Apesar dos reajustes, a escalada dos preços foi ainda mais rápida, especialmente nos alimentos.
O cenário atual confirma a persistência da inflação no bolso dos brasileiros. Em 2024, o IPCA-15, que serve como prévia do índice oficial, fechou o ano com alta de 4,71%, levemente acima da meta do Banco Central, de 4,5%. O setor de alimentação e bebidas liderou a pressão inflacionária, com elevação de 8% nos preços.
Produtos como óleos e gorduras subiram mais de 20% no ano, enquanto as carnes tiveram acréscimo médio de quase 20%. Frutas, leites e derivados, bebidas e grãos também registraram aumentos expressivos, segundo dados do IBGE.
Mesmo em dezembro, quando a inflação desacelerou para 0,34%, alimentos continuaram puxando os índices para cima. Itens como óleo de soja, contrafilé, alcatra e carne suína foram os principais vilões. Em contrapartida, a energia elétrica ajudou a segurar os preços, com queda de mais de 5%, graças à volta da bandeira tarifária verde.
Os vídeos acabam escancarando como o poder de compra mudou drasticamente ao longo das últimas décadas. Para muitos brasileiros, a comparação com os anos 90 gera uma sensação agridoce: a lembrança de um tempo em que o salário ainda rendia no supermercado — e a constatação de que, hoje, encher o carrinho ficou muito mais difícil.
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