Divulgação/Push Finanças
São Paulo, 22/09/2025 – Estar endividado no Brasil de hoje é a realidade de muitos e saber como sair desse buraco tem tirado a paz de grande parte da população. O tema foi colocado em debate no painel ‘Tô endividada, e agora?’ durante o Push Finanças, evento realizado nesta segunda-feira pela Push.edu e pela B3 em São Paulo.
O primeiro ponto é assumir que temos dívidas e encarar o problema, aconselha Manuela Bordasch, CEO e fundadora do Steal The Look e Push, que mediou o painel.
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Clara Sodré, especialista financeira, ensina que há uma diferença básica entre ter dívidas e estar endividado. “Ter dívidas pode ser, inclusive, saudável. Muitas empresas utilizam esse recurso como uma estrutura de capital. Ou seja, faz parte da estrutura financeira da empresa adquirir dívidas, desde que essas dívidas sejam utilizadas para investimentos que podem potencialmente gerar retornos maiores do que os juros, que você gera com essa dívida. E no nosso dia a dia é natural termos dívida no cartão de crédito, faz parte da cultura brasileira."
A lição importante para colocar sua vida financeira nos eixos, segundo ela, é não perder de vista as suas contas, seja da sua casa ou da sua empresa. Assuma essa gestão com disciplina e controle. Como primeiro sinal de alerta sobre o endividamento mais perigoso, Sodré menciona o momento em que as dívidas já representam 30% da sua renda mensal. “Esse é o primeiro sinal de alerta que te mostra que a situação está começando a sair do controle e você já pode ser considerada uma pessoa endividada."
Ter consciência no uso do cartão de crédito é a segunda recomendação importante.
“Não confunda crédito com renda extra. Crédito não é dinheiro ganho, lembre que é dinheiro emprestado. Isso é muito perigoso e vai comprometer sua renda futura”, afirma.
A especialista reforça que a questão ‘dividas’ também é emocional. No momento em que se identifica o problema, a recomendação é agir. “Você precisa trocar a culpa pela responsabilização. Avaliar a situação com calma, entender o que levou a situação a chegar a esse ponto e entender que você tem caminhos para resolver essa situação. É sentar e negociar”, diz Sodré.
Conhecimento é a chave, aconselha Sodré. "Estudem, conversem, busquem conselho, conhecimento", afirma.
Ela recorda que também precisou aprender a dizer não aos pedidos de empréstimo da família e amigos, para deixar as dívidas para trás. “Eu tinha uma fatura de R$ 20 mil e um salário de R$ 5 mil, porque não soube dizer não para os pedidos de empréstimo. Quando comecei, minha renda aumentou um pouco. Parei e pensei: a conta não fecha. Passei por ansiedade, fiquei depressiva e parei para avaliar. Nesse momento, você passa a ter uma nova relação com o seu dinheiro, com as suas contas”, diz.
Como exemplo, ela cita a própria família. Ela é a única com nome limpo entre os quatro irmãos.
Avaliar a possibilidade de gerar uma renda extra também é um excelente caminho para deixar de ser um endividado. “Isso vai levar um tempo até tudo estar controlado, mas dá um respiro, é um caminho”.
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Jana Rosa, ex-VJ da MTV, roteirista, figurinista e ex-endividada, contou no painel sua jornada financeira e como superou os problemas, que a fizeram entrar em depressão. Segundo Bordasch, Rosa é uma inspiração que sim, é possível se pagar o que se deve e construir uma relação muito melhor com o dinheiro.
“Ignorei completamente os sinais. Na minha pessoa física eu já estava totalmente bagunçada”, recorda. Segundo ela, quando olhava as contas chegando pensava: sou sou empreendedora, empreendedora é ferrada mesmo. "Estou sempre no cheque especial, porque eu sou empreendedora. É perrengue mesmo”, lamenta.
Segundo Rosa, todos os sinais de que as coisas estavam descontroladas estavam lá, mas ela continuava levando a vida normalmente, sem rever os gastos ou pensar em renegociação da dívida. Principalmente as ligadas a impostos. Sua dívida tributária chegou a R$ 6 milhões.
“Aprendi, buscando soluções para o meu endividamento. Fui descobrindo que seria possível sanar minhas dívidas tratando com um banco online. Fiquei seis meses sem mexer na conta no banco, onde tinha minha movimentação principal e depois fui pagando a vista cada dívida”, conta ela.
Com o tempo ela diz ter aprendido que na renegociação que esses escritórios eles são muito agressivos. “Consegui fazer todas as renegociações aos poucos e deu certo”.
Uma das consequências do super endividamento, conta ela, é que até hoje não tem um cartão de crédito. “Eu tinha muito medo no começo do processo. Para mim era uma vergonha assumir que tinha dívidas. Já chegava com aquele cheiro do medo. Marquei uma reunião com os três gerentes onde tinha dívidas e tudo foi se resolvendo”, recorda, ao apontar que cada caso é um caso. Ela observa que não tem filhos, não é casada, então é uma realidade bem diferente de um empreendedor que tem como dependentes dois ou três filhos em casa.
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