Especialistas esclarecem mitos e verdades sobre o câncer de mama

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De acordo com o INCA este ano, o Brasil deve registrar, em média, 73.610 casos novos de câncer de mama - Envato
De acordo com o INCA este ano, o Brasil deve registrar, em média, 73.610 casos novos de câncer de mama

São Paulo, 03/10/2025 - No mês de conscientização do câncer de mama o tema fica ainda mais presente no dia a dia e, crescem as fake news sobre o assunto. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), este ano o Brasil deve registrar, em média, 73.610 casos novos de câncer de mama, o que corresponde a uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100 mil mulheres.

As causas dessa doença são multifatoriais e complexas, não se limitando a um único fator. Ela surge de uma desorganização nas células mamárias e está ligada à combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais.

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De acordo com Cicília Marques, oncologista clínica do Instituto Brasileiro de Combate ao Câncer (IBCC) Oncologia, as mutações genéticas estão associadas a uma pequena parcela dos casos (cerca de 5% a 10%) especialmente em mulheres mais jovens e com histórico familiar. Os riscos de câncer de mama são maiores para quem tem parentes de 1º grau (ou seja, mãe, irmã ou filha) com diagnóstico da doença, especialmente se o tumor surgiu antes dos 40 anos.

Há também os fatores hormonais, como aumento da exposição ao estrogênio, ou seja, início da menstruação antes de ter 12 anos; menopausa após os 55 anos; não ter tido filhos ou ter tido o primeiro após os 30 anos, e reposição hormonal. “Vários fatores estão ao nosso alcance para reduzir o risco de desenvolver câncer de mama. A mudança do estilo de vida para um mais saudável é o mais importante. A prática de exercícios físicos regulares, com controle do peso corporal e uma vida com menos fatores estressantes é imprescindível. Ressalta-se ainda a redução da ingestão de bebidas alcoólicas e não fumar", explica.

Pedro Exman, médico e coordenador do Grupo de Tumores de Mama e Ginecológicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ressalta que, muitas vezes, a doença chega justamente no auge da vida produtiva e reprodutiva.

O tratamento com quimioterapia e outros recursos podem comprometer a fertilidade, temporária ou permanentemente, o que torna essencial conversar sobre preservação da fertilidade antes de iniciar o tratamento oncológico. “Garantir que a paciente possa, no futuro, exercer seu desejo de ser mãe é parte essencial de um cuidado humanizado”, afirma.

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O especialista ressalta ainda a importância de ter um diagnóstico precoce. “Outubro Rosa é um lembrete anual sobre a doença, mas nosso compromisso é diário: rastrear cedo, tratar com precisão e acompanhar de perto cada mulher, em todas as fases. Diagnóstico não é sentença: é ponto de partida, quanto mais cedo a descoberta, mais elevamos as chances de cura”, afirma o oncologista.

Há mais de três décadas, o mês de outubro é marcado mundialmente pela campanha Outubro Rosa, que busca ampliar a conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. No Brasil, a iniciativa já faz parte do calendário de saúde, mas ainda persistem muitas dúvidas, crenças populares e informações incorretas sobre a doença.

Para ajudar a esclarecer e orientar de forma confiável, o Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz reuniu os principais mitos e verdades sobre o câncer de mama.

Mitos e verdades

Fazer mamografia causa câncer devido à radiação

MITO

A mamografia utiliza uma dose muito baixa de radiação, considerada segura e controlada. Os benefícios do exame para o diagnóstico precoce superam em muito qualquer risco. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que o exame seja realizado a partir dos 40 anos.

Radioterapia sempre destrói a mama

MITO

A radioterapia é um dos pilares do tratamento e pode ser utilizada após a cirurgia conservadora ou mastectomia. Ela não destrói a mama; o que pode ocorrer são efeitos colaterais temporários, como vermelhidão da pele ou fadiga. Hoje os equipamentos são cada vez mais precisos, preservando os tecidos saudáveis.

Menopausa e reposição hormonal aumentam o risco de câncer de mama?

NÃO É BEM ASSIM

A menopausa é um processo natural do corpo feminino e não está associada ao aumento do risco de câncer de mama. Já a terapia de reposição hormonal combinada (estrógeno + progesterona), principalmente quando utilizada por longos períodos e sem acompanhamento adequado, pode elevar o risco relativo da doença em 10% a 20%. Por isso, o tratamento deve ser sempre indicado e monitorado por um médico especialista, avaliando riscos e benefícios para cada mulher.

“Chips da beleza” previnem o câncer de mama

MITO

Esses implantes liberam hormônios (sobretudo testosterona, parte da qual se converte em estrógeno no fígado), aumentando a exposição hormonal sem controle adequado. Isso pode elevar o risco de câncer de mama.

Uso de anticoncepcional causa câncer de mama

PARCIALMENTE VERDADE

O uso prolongado de anticoncepcionais orais pode aumentar discretamente o risco de câncer de mama, mas esse risco tende a diminuir após a suspensão do medicamento. Ainda assim, os anticoncepcionais são considerados seguros e eficazes para a prevenção da gravidez e podem trazer benefícios importantes em condições como endometriose e distúrbios hormonais. A escolha do método deve sempre ser individualizada e orientada por um médico.

Hereditariedade aumenta em 80% as chances de desenvolver câncer de mama

VERDADE

Alterações genéticas (como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2) estão presentes em cerca de 5 a 10% dos casos e podem elevar o risco de forma significativa. Mulheres portadoras dessas mutações têm até 80% mais chance de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. O teste genético deve ser indicado quando há histórico familiar sugestivo.

Próteses de silicone aumentam o risco de câncer

MITO, mas com exceção rara.

De forma geral, implantes de silicone não aumentam o risco de câncer de mama. Porém, a literatura médica descreve casos muito raros de um tipo específico de câncer chamado linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes mamários (BIA-ALCL). Esse tumor não surge na mama em si, mas no tecido ao redor da prótese. A incidência é extremamente baixa e, quando diagnosticado precocemente, o prognóstico costuma ser favorável.

Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama

MITO

Até hoje, nenhum estudo científico comprovou essa relação. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera os desodorantes antitranspirantes seguros para uso.

A prática de atividades físicas ajuda a prevenir o câncer de mama

VERDADE

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática regular de atividade física reduz o risco de diversos tipos de câncer, incluindo o de mama. O recomendado é pelo menos 150 minutos semanais de exercícios moderados. Além disso, alimentação saudável e manutenção do peso corporal são fatores de prevenção.

Usar sutiã apertado causa câncer de mama

MITO

Não há evidências científicas de que o uso de sutiãs, mesmo apertados, esteja relacionado ao desenvolvimento de câncer.

Todos os nódulos da mama são câncer

MITO

A maioria dos nódulos é benigna, podendo corresponder a cistos ou fibroadenomas. No entanto, todo nódulo deve ser avaliado por um médico, com exames de imagem e, se necessário, biópsia.

Mulheres que amamentam têm menos chances de desenvolver câncer de mama

VERDADE

O aleitamento materno está associado à redução de cerca de 22% no risco de desenvolver câncer de mama. Quanto maior o tempo de amamentação, maior a proteção.

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