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São Paulo, 02/10/2025 - O câncer de mama é uma doença que, além de mexer com o físico e o emocional, afeta diretamente a autoestima das mulheres, especialmente devido à perda de cabelo e, em alguns casos, a retirada da mama. Embora seja um momento muito difícil, várias organizações não governamentais (ONGs), institutos e grupos de apoios têm trabalhado para transformar a situação em esperança e positividade.
A psicóloga especializada em psico-oncologia e administradora da ONG Cabelaço, Juliana Schwanke Martini, ressalta que o diagnóstico já é muito difícil, e a perda do cabelo é como se fosse a confirmação da doença. “É o impacto físico visível. É um momento em que a pessoa se dá conta que realmente está em um tratamento oncológico”, pondera.
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Ela chama atenção para o fato de, às vezes, pessoas que não passaram pela situação acharem que as mulheres dão muito importância para o cabelo. “As pessoas dizem: ‘Ah, é só cabelo, cabelo cresce’. Isso é minimizar muito a dor desse momento. A náusea passa, o mal-estar passa, mas a perda do cabelo vai ficar visível por um tempo prolongado. E elas terão que conviver com isso e com o que esse fato gera nas outras pessoas. Eu diria que é muito difícil”, explica.
O Instituto Quimioterapia e Beleza (IQeB) nasceu com o objetivo de fazer mais feliz e significativa a vida das pessoas que passam pelo câncer, mostrando um outro lado dessa fase, em que não é necessário se privar dos prazeres da vida, apenas adequá-los à nova condição, permanecendo resiliente e confiante.
Deborah C. Bosco, sócia-fundadora do IQeB, concorda com a psicóloga de que a beleza é uma questão importante para essas mulheres. "Uma das primeiras coisas que elas querem saber, após receber o diagnóstico e ter tirado as dúvidas com a equipe médica, é se vão perder o cabelo e quanto tempo vão ficar careca."
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Ela explica que, após a primeira quiometerapia, o cabelo começa a cair em cerca de 14 dias e que, para muitas, esse é um período muito doloroso e de expectativa de como vai ficar sem os cabelos.
Bosco explica que o instituto oferece lenços para as mulheres que ficaram careca por meio do Banco de Lenços Flavia Flores, uma unidade de ação do instituto que arrecada e doa lenços gratuitamente para mulheres em todo o País.
Para receber um lenço, basta se cadastrar no site e descrever seu estilo. Em seguida, um item é escolhido por voluntários, higienizado e cuidadosamente embalado para envio em casa. A organização também recebe doações de lenços; acesse aqui e veja como doar.
O IQeB também tem várias ações para incentivar as mulheres a se manterem belas durante o tratamento, como aulas de autocuidado, atividades voltadas à assistência social e a saúde, grupos de apoio no WhatsApp, podcast com histórias de pacientes, uma plataforma de empregabilidade para conectar pacientes curadas com empresas, e apoio psicológico online e presencial, incluindo rodas de conversa.
Bosco avalia ainda que hoje as mulheres têm mais opções para se manterem belas do que em décadas anteriores. Além dos lenços e doação de perucas, vários institutos oferecem cursos de automaquiagem e há também tatuadoras que, caso a mulher tenha retirado a mama, fazem tatuagem que simulam um seio, ou outras tatuagens com micropigmentadores, que podem ser usados na região da sobrancelha, por exemplo. “Há tantas ferramentas para apoiar essas mulheres. Eu acho que hoje elas estão mais respaldadas, mais seguras. Acho que elas se fortalecem”, avalia.
No entanto, a diretora do IQeB chama atenção para a necessidade de avanços nas políticas públicas de saúde para acabar com a demora no atendimento e no tratamento de pacientes com câncer. Ela também enfatizou a importância de espaços públicos para atividade física e o acesso à alimentação saudável para todos, criticando a falta de estrutura para a prevenção e o tratamento da doença.
A fundadora presidente da ONG Cabelegria, Mariana Robrahn, avalia que a peruca vai muito além da estética. “Ela devolve autoestima, confiança e também a vida social. Muitas mulheres nos dizem que, ao se olharem no espelho com a peruca, se reconhecem novamente e retomam a força para enfrentar o tratamento", afirma.
"Já ouvimos relatos de pacientes que haviam parado de ir à escola ou de sair de casa por vergonha da queda dos cabelos e que, com a peruca, voltaram a se sentir seguras para retomar suas atividades. É como se a peruca fosse um abraço, mostrando que elas não estão sozinhas nessa jornada.”
Somente este ano, a ONG já impactou 5 mil pacientes com a doação de perucas e 1 mil pacientes com atendimento especializado. Para contribuir, basta acessar aqui. Agora, se você quer receber uma peruca, acesse aqui.
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