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Para ser um 'bom velhinho' é preciso treinamento, empatia e ficha limpa

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Papai Noel precisa transmitir valores como acolhimento, respeito, empatia e sensibilidade - Adobe Stock
Papai Noel precisa transmitir valores como acolhimento, respeito, empatia e sensibilidade
Por Alessandra Taraborelli,  Claudio Marques

09/12/2025 | 08h51 ● Atualizado | 16h11

São Paulo, 09/12/2025 - Com a proximidade do Natal, vemos uma enxurrada de Papais Noéis invadindo o nosso dia a dia. Mas, o que poucos sabem, é que por trás da barba branca e da roupa vermelha, existe um trabalho sério que engloba responsabilidade, treinamento, regras de conduta, preparo físico e não ter antecedentes criminais.

À medida que a procura por Papais Noéis cresce, é importante entender como esses profissionais são formados e quais cuidados o público deve ter ao contratar um, para garantir a segurança das crianças e do evento.

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A Escola de Papai Noel do Brasil, que tem 32 anos de atuação, por exemplo, já formou mais de mil Papais Noéis, muitos deles aposentados, acima de 50 anos, e que encontraram na escola uma oportunidade de reinserção no mercado de trabalho, renda extra e acolhimento emocional.

A formação vai além da aparência. Na escola, os alunos aprendem a transmitir valores como acolhimento, respeito, empatia e sensibilidade, elementos essenciais para representar o 'bom velhinho'.

Os candidatos devem ter cabelo e barba brancos ou grisalhos, gostar de crianças e apresentar boa saúde para o desempenho da função. Além disso, a escola dá preferência a pessoas sem vícios, como consumo de álcool ou cigarro. Há uma pré-seleção e os candidatos que não se enquadram no perfil podem ser desclassificados.

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Durante os meses de novembro e dezembro, os Papais Noéis formados pela escola são contratados para atuar em shoppings, lojas, clubes, residências, hospitais, escolas, empresas e até em comerciais de TV.

Em média, um profissional pode faturar até R$ 15 mil em 45 dias de trabalho em shoppings. As visitas particulares, como em residências e empresas, têm valor médio de R$ 500 por apresentação.

O curso é gratuito e inclui disciplinas como:

  • Interpretação e improvisação.
  • Expressão corporal e postura cênica.
  • Música e técnicas vocais.
  • Maquiagem e figurino.
  • Cuidados com barba e caracterização.
  • Libras e atendimento inclusivo.
  • Comunicação com o público infantil.

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Transformando vidas

Para muitos alunos, vestir o traje vermelho vai além da representação. É uma experiência afetiva e transformadora. O contato com crianças, famílias e histórias de emoção faz com que cada Natal seja uma nova chance de espalhar esperança e alegria.

“O Papai Noel não é apenas um personagem. Ele carrega sonhos, memórias e simboliza união. Nossa missão é formar profissionais preparados para viver essa responsabilidade com verdade e sensibilidade”, afirma Limachem Cherem, fundador da escola.

Simpatia e carisma

Papai Noel fazendo coração e posando para foto
David Bitman, 76 anos, aposentado, conta que começou a trabalhar como Papai Noel por acaso - Arquivo pessoal

O aposentado David Bitman, de 76 anos, conta que começou a trabalhar como Papai Noel por acaso há 12 anos por ser parecido com a imagem clássica do bom velhinho. “Uma pessoa de um shopping pequeno perguntou se eu queria ser o Papai Noel e topei. Depois fui para um shopping maior e hoje trabalho só para instituições e festas”, disse. Ele revela que não fez curso nenhum, foi apenas a sua “simpatia e carisma” que o fez conquistar o posto de Papai Noel.

Ele disse que também é preciso saber lidar com situações delicadas que envolvem as crianças. “Já lidei com crianças em que o pai tinha morrido e ela pedia para ver o pai. Crianças que ainda fazia o número 1 e 2 nas calças e a mãe pedia para eu negociar. São muitas histórias e cada uma tem uma resposta diferente. Eu gosto muito de estar com as crianças, ouvir e ler as cartinhas delas e brincar, isso me deixa muito feliz”, afirma.

Ele acrescenta ainda que é necessário “estudar” sobre a vida do Papai Noel, porque as crianças chegam fazendo muitas perguntas, como 'qual o nome das suas renas?', para testar o personagem. “Eu adoro o que faço, e quero continuar fazendo por muitos anos.”

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Papai Noel ficha limpa

A preferência por candidatos a Papai Noel sem vício em álcool ou cigarro pode não ser suficiente para  evitar constrangimentos. Na semana passada, um homem de 67 anos, que trabalhava como Papai Noel em um shopping da cidade de Lages (SC), foi preso acusado de estupro de vulnerável. "Confiança tem que ser acompanhada de verificação. Sem verificação, é ingenuidade e acabamos presenciando situações como essa", afirma Augusto Duarte, fundador da BGC Brasil, que verifica se pessoas, empresas ou ativos oferecem algum tipo de risco.

Duarte argumenta que esse tipo análise, mais comum em outros países, teria evitado a situação acima. As investigações feitas pela BGC dependem do que a contratante deseja. No caso de uma função com exposição ao público, possivelmente não se quer alguma pessoa com algum histórico criminal. Segundo ele, a empresa possui uma ferramenta que investiga e consolida dados do Judiciário e financeiros, entre outros, dentro dos limites impostos pelo sigilo e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

"O que eu vou fazer é fornecer os dados, mas obviamente a decisão e os critérios são da empresa. Eu não vou determinar critério", diz Duarte, referindo-se ao fato de que a BGC não sugere investigações nem os critérios dessa apuração. De acordo com ele, o trabalho do grupo vai além da esfera criminal e pode abranger um conjunto multidisciplinar de informações, focando em conformidade e sanções administrativas. Mas, no caso do 'bom velhinho', isso possivelmente não é necessário. 

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