Ricardo Stuckert / PR
Por Gabriel Hirabahasi, da Broadcast
[email protected]Brasília, 28/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o Estado precisa garantir “ordem política, social, econômica, fiscal e jurídica” para que o setor privado faça investimentos no Brasil. Lula disse que o governo não precisa ser “investidor”, mas um “garantidor” que dê “previsibilidade” para que o empresariado sinta confiança para aplicar seu dinheiro no País.
A declaração foi dada durante cerimônia de inauguração de usina a gás natural em São João da Barra, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, 28. “O rico não coloca dinheiro onde não tem chance, ele só coloca onde ele imagina, depois de muita pesquisa, que o dinheiro vai ter um retorno acessível”, afirmou.
“Para isso, o Estado não tem que ser investidor, tem que ser garantidor. Tem que oferecer ordem política, social, econômica, fiscal, jurídica e tem que vender uma coisa que considero muito importante, que é as pessoas acreditarem que as coisas vão acontecer, chamada previsibilidade”, completou.
Lula afirmou que “quando tem todas as coisas juntas, as pessoas começam a acreditar na possibilidade de fazer investimento”.
Ainda assim, defendeu que o Estado tenha controle sobre as pesquisas em busca de minerais críticos em solo brasileiro e que o governo participe desse processo, mesmo quando realizado pelo setor privado. Ele disse que o governo vai criar uma “comissão ultra especial” para fazer “um levantamento de todo tipo de riqueza que o Brasil tem no solo e subsolo”.
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“Só se fala em transição energética, energias renováveis e sustentáveis, etanol, biodiesel, hidrogênio verde. E todas essas coisas o Brasil tem de sobra. E aí o Brasil pode ser o país mais importante nessa questão da transição energética. E agora inventaram uma nova coisa chamada minerais críticos, terras raras. Tudo isso é coisa nova”, disse o presidente.
“Aí fico sabendo que os Estados Unidos vai ajudar a Ucrânia, mas estão querendo privilégio nos minerais críticos da Ucrânia. Esses dias vi uma matéria que os Estados Unidos têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se nem conheço e ele já é crítico, vou pegar para mim. Por que vou deixar para outro pegar?”, brincou o presidente.
Após falar em tom ameno sobre o assunto, Lula, então, expôs seu ponto de vista sobre as terras raras, que se tornaram um dos pontos de discussão para a negociação do Brasil com os Estados Unidos. “Só conhecemos o equivalente a 30%. Cerca de 70% das nossas riquezas não foram ainda pesquisadas. E nós temos de dar autorização para a empresa pesquisar sob nosso controle. Quando dermos autorização, ela não pode vender sem conversar com o governo e muito menos vai poder vender a área com o minério. Porque aquilo é nosso, é do povo brasileiro, que tem que ter o direito de usufruir das riquezas que essas coisas podem produzir”, declarou.
A respeito do tarifaço, considerou “triste” que o governo norte-americano tenha anunciado essa taxa sobre os produtos brasileiros “porque a relação do Brasil com os Estados Unidos é muito séria”.
“São 201 anos de relação diplomática muito acertada e muito séria. Já lidei com Clinton, Bush, Obama, Hillary, Biden, com todo mundo. Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil e resolva fazer o que fazemos no mundo civilizado. Tem divergência? Senta em uma mesa, coloca elas de lado, e vamos tentar resolver. E não de forma abrupta e individual tomar a decisão de taxar o Brasil em 50%”, disse.
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Lula ainda declarou que o Brasil não vai precisar de combustível fóssil no futuro, por causa da energia limpa. "Mas, enquanto não tiver a energia limpa, a gente vai ter que utilizar o dinheiro do combustível fóssil para construir a energia limpa, que é o que deseja todo ser humano no planeta Terra", afirmou.
As declarações de Lula foi feita na cerimônia inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). O empreendimento integra o maior parque de geração a gás natural da América Latina com 3 gigawatts (GW) de capacidade instalada.
Na cerimônia, Lula ainda abordou a mudança proposta pelo governo no Imposto de Renda. Segundo ele, está se fazendo “justiça tributária” com o projeto de isenção do IR para as pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês. “Quem ganha R$ 1milhão por ano vai pagar um pouquinho para a gente fazer com que as pessoas que ganham menos não paguem. Como se chama isso, aumento de imposto? Não, se chama justiça tributária. É isso que estamos fazendo, e por isso há algumas pessoas chiando”, declarou.
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