EUA inclui Alexandre de Moraes em lista que prevê sanções econômicas

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Governo Trump alega que  Moraes promove caça às bruxas abusiva contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Governo Trump alega que Moraes promove caça às bruxas abusiva contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras

Por Equipe da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 30/07/2025, às 14h48 - Atualizado às 16h50
São Paulo, 30/07/2025 - O Escritório de Controle dos Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos adicionou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, à Lista de Cidadãos Especialmente Designados e Pessoas Bloqueadas (SDN list), criada como parte da Lei Global Magnitsky de Responsabilidade de Direitos Humanos. O OFAC faz parte do Departamento do Tesouro americano.
A Lei Magnitsky é um dispositivo da legislação americana que permite que os EUA imponham sanções econômicas a acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. A lei prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo norte-americano, além da proibição de entrada no país.
Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, Moraes "assumiu a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas abusiva contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras”. "Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados - inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro", diz Bessent em nota publicada pelo Departamento do Tesouro americano nesta quarta-feira.
"A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos", salienta o secretário americano.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de violar seriamente os direitos humanos e abusar da sua posição ao autorizar detenções antes de julgamento e "privar a liberdade de expressão", em comunicado divulgado nesta tarde pelo seu departamento.
Ao contrário de Bessent, do Tesouro, a nota de Rubio não traz menção direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Contudo, Rubio acusa Moraes de "engajar em esforços politicamente motivados para silenciar uma crise política ao emitir ordens secretas compelindo plataformas online, incluindo redes sociais dos EUA, a banir contas de indivíduos por postarem discurso protegido".
Segundo ele, Moraes fez detenções arbitrárias com "negação flagrante de garantias de um julgamento justo".
Rubio citou as sanções aprovadas pelo Tesouro contra o juiz brasileiro e disse que os EUA "vão utilizar todos os meios apropriados, efetivos, diplomáticos, políticos e legais para proteger o discurso de americanos contra atores estrangeiros malignos".
Em publicação separada, no X, o secretário de Estado afirmou que este é um "aviso". "Que este seja um aviso para aqueles que pisotearam em direitos fundamentais dos seus compatriotas: vestes judiciais não poderão protegê-lo", escreveu.

Reação 

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, disse em nota que o órgão vai adotar "todas as medidas adequadas" contra as sanções dos EUA a Moraes. "Gostaria de ressaltar que todas as medidas adequadas, que são de responsabilidade do Estado brasileiro para salvaguardar sua soberania e instituições, especialmente em relação à autonomia de seu Poder Judiciário, serão adotadas de forma ponderada e consciente nos fóruns e momentos adequados", afirmou Messias.

O ministro disse ainda que "merece forte repúdio qualquer tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro, sobretudo quando voltada a afetar a integridade do exercício de suas funções constitucionais". Para ele, as sanções previstas na Lei Magnitsky contra um membro da magistratura nacional é "arbitrária e injustificável" e "representa um grave e inaceitável ataque à soberania do nosso País". "Não nos curvaremos a pressões ilegítimas, que tentam macular a honra e diminuir a grandeza de nossa nação soberania", ressaltou Messias.

O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também se solidarizou com Moraes. “A soberania das instituições do Brasil e as decisões referendadas por elas não podem ser atacadas sem uma célere indignação dos homens públicos do nosso país, ainda mais diante de flagrante casuísmo”, disse Pacheco, ex-presidente do Senado e que atuava como advogado antes de se eleger.

Também o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macêdo, criticou a sanção. “Repudio a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. A medida é uma tentativa inaceitável de interferência externa no funcionamento da Justiça Brasileira e fere frontalmente os Princípios Básicos Relativos à Independência do Judiciário, aprovados pela Assembleia-Geral da ONU em 1985 e ratificados em 1990, segundo os quais o juiz deve ter garantida a sua independência, liberdade de decisão e poder exclusivo de julgar, sem sofrer pressões indevidas”, disse o ministro, em nota.

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