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Leão XIV e Rei Charles III rezam juntos para estreitar relações entre igrejas

Reprodução Youtube Vatican News

Missa do Papa Leão XIV com o Rei Charles marca gesto inédito em 500 anos desde a Reforma - Reprodução Youtube Vatican News
Missa do Papa Leão XIV com o Rei Charles marca gesto inédito em 500 anos desde a Reforma

Por Equipe Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 23/10/2025, às 10h11
Cidade do Vaticano, 23/10/2025 - O rei Charles III e a rainha Camilla rezaram nesta quinta-feira, 23, com o Papa Leão XIV em uma visita histórica ao Vaticano para estreitar as relações entre a Igreja Anglicana e a Igreja Católica.
No momento de rezar com o pontífice, o monarca britânico e Camilla sentaram-se em tronos dourados no altar elevado da Capela Sistina, em frente ao “Juízo Final” de Michelangelo, enquanto o Papa Leão XIV e o arcebispo anglicano de York presidiam um serviço ecumênico.
O evento marcou a primeira vez desde a Reforma que os líderes das duas igrejas cristãs, divididos há séculos por questões que agora incluem a ordenação de mulheres sacerdotes, rezaram juntos.
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A música que acompanhava refletia uma herança musical anglicana e católica compartilhada: hinos eram cantados por membros do coro da Capela Sistina e por membros visitantes de dois coros reais: o coro da Capela de São Jorge do Castelo de Windsor e o coro infantil da Capela Real do Palácio St. James.

O caso Jeffrey Epstein

A visita ao Vaticano ocorre em meio a um contexto delicado para o monarca britânico, pois seu irmão Andrew enfrenta novas e comprometedoras revelações no caso do escândalo sexual de Jeffrey Epstein.
Na sexta-feira, 17, o Príncipe Andrew renunciou ao uso do seu título real, o Duque de York, completando uma queda em desgraça que começou há quase seis anos com uma desastrosa entrevista televisiva sobre suas ligações com o criminoso sexual condenado Epstein. O príncipe, de 65 anos, já havia sido afastado desde 2019 dos atos públicos da família real devido ao caso.
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O escândalo que há muito tempo persegue o irmão do rei foi reaceso esta semana, após a publicação de um livro de memórias de Virginia Giuffre, acusadora de Epstein. Andrew negou as alegações de Giuffre.
O Palácio de Buckingham e o governo do Reino Unido estão sob pressão para retirar formalmente de Andrew seu ducado e título principesco, e expulsá-lo da mansão de 30 cômodos perto do Castelo de Windsor, onde ele mora.

Uma visita para fortalecer os laços entre duas igrejas

Os anglicanos se separaram da Igreja Católica em 1534, quando o rei inglês Henrique VIII teve seu casamento anulado. Embora os papas tenham construído relações calorosas com a Igreja da Inglaterra e a Comunhão Anglicana em geral, durante décadas, em um caminho rumo a uma maior unidade, as duas igrejas permanecem divididas.
O culto na Capela Sistina, no entanto, marcou um novo passo histórico em direção à unidade e incluiu leituras e orações focadas no tema unificador de Deus, o criador.
Mais tarde, nesta quinta-feira, Charles também receberia formalmente um novo título e reconhecimento em uma basílica pontifícia que mantém fortes laços tradicionais com a Igreja da Inglaterra, a Basílica de São Paulo Fora dos Muros.
O título de “Confrade Real” é um sinal de comunhão espiritual e foi retribuído por Charles: Leo recebeu o título de “Confrade Papal da Capela de São Jorge, Castelo de Windsor”.
Na basílica, o monarca britânico receberá uma cadeira especial decorada com seu brasão, com a exortação em latim “Ut Unum Sint” (Que sejam um), o mantra da unidade cristã. A cadeira permanecerá na basílica para uso do rei Charles III e seus herdeiros, disseram autoridades.
O cardeal Vincent Nichols, arcebispo católico de Westminster, disse que a visita do rei britânico fortalece o relacionamento forjado pela rainha Elizabeth II, que veio a Roma seis vezes durante seu reinado, incluindo durante o Ano Santo de 2000.
“O Papa Leão e o Rei Charles reunidos diante de Deus em oração é um exemplo de uma cooperação genuína e profunda”, disse ele à Associated Press. Ele lembrou que o rei Charles III aceitou seu papel constitucional como governador supremo da Igreja da Inglaterra, “mas também seu papel na proteção da liberdade religiosa e do importante papel da fé na sociedade em todo o seu reino”.
A visita ocorre poucas semanas após a eleição da primeira mulher arcebispa de Canterbury, Sarah Mullally. Ela não se juntou ao rei e à rainha no Vaticano, pois ainda não havia sido formalmente empossada como líder espiritual da Igreja da Inglaterra. Em seu lugar, estava o arcebispo de York, o Reverendíssimo Stephen Cottrell.

Visita ocorre em meio a tensões na Comunhão Anglicana

Enquanto o rei lida com as tensões internas relacionadas ao escândalo Epstein, a eleição de Mullally agravou as tensões dentro da Comunhão Anglicana no exterior. A Comunhão Anglicana tem mais de 85 milhões de membros espalhados por 165 países, sendo o arcebispo de Canterbury considerado o “primeiro entre iguais” entre seus bispos. Mas, após a nomeação de Mullally, um cisma de longa data na Comunhão Anglicana parece estar próximo de uma ruptura definitiva.
Uma organização de primatas anglicanos conservadores - que representa a maioria dos membros da comunhão, principalmente na África - anunciou que está rejeitando todos os vínculos burocráticos que historicamente conectaram a Comunhão Anglicana.
A Global Fellowship of Confessing Anglicans (Irmandade Global de Anglicanos Confessantes, em livre tradução), conhecida como Gafcon, diz que está formando uma nova estrutura, embora afirme que ela representa a histórica Comunhão Anglicana em uma forma “reordenada”.
A declaração denunciou as posições de afirmação LGBTQ de alguns setores da Comunhão Anglicana como precipitantes da ruptura, uma referência às posições assumidas pela Igreja da Inglaterra e pela Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Mas seguiu de perto outra declaração da Gafcon lamentando a nomeação de Mullally, afirmando que muitos acreditam que apenas homens podem ser bispos e rejeitando seu cargo como um ponto definidor da unidade anglicana. Fonte: Associated Press.

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