Se Trump morasse no Brasil, estaria sendo julgado pelo que fez no Capitólio, diz Lula

Estadão Conteúdo/ Foto: Leco Viana, The News 2

Segundo Lula, Trump foi "induzido" a acreditar na "mentira" de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo perseguido - Estadão Conteúdo/ Foto: Leco Viana, The News 2
Segundo Lula, Trump foi "induzido" a acreditar na "mentira" de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo perseguido

Por Gabriel Hirabahasi, Geovani Bucci e Gabriel de Sousa, da Broadcast

[email protected]
Publicado em 25/07/2025, às 15h17 - Atualizado às 15h24
Brasília, 25/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar nesta sexta-feira, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria sendo julgado pela invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, se fosse brasileiro. A declaração foi feita em Osasco (SP), onde Lula também endossou o discurso de que "quem manda no Brasil é o povo brasileiro".
"Se o presidente Trump morasse no Brasil e ele tivesse feito aqui o que ele fez no Capitólio dos Estados Unidos, ele também estaria sendo julgado. Neste país, quem manda nele é o povo brasileiro", afirmou Lula.
Leia também: Governo busca alternativas a tarifaço: "jamais sairemos das negociações", diz Haddad
Segundo Lula, Trump foi "induzido" a acreditar na "mentira" de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo perseguido pela Justiça. O petista disse que explicaria a Trump, se houvesse uma conversa entre os dois, que o ex-chefe do Executivo tentou dar um golpe e planejou o assassinato dele, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
"Se o presidente Trump tivesse ligado para mim, eu certamente explicaria para ele o que está acontecendo com o ex-presidente. Mas ele foi induzido a acreditar em uma mentira de que o Bolsonaro está sendo perseguido", disse Lula, que disse ainda que o ex-presidente não é um problema dele, e, sim, da Justiça.
Lula também rechaçou a alegação de Trump de que os Estados Unidos tem um déficit na relação comercial com o Brasil. "Eles tem superávit de US$ 410 bi, quem deveria estar reclamando somos nós. Nós não estamos reclamando, queremos negociar", afirmou.
O presidente também afirmou que Trump pediu três coisas que ele não pode aceitar. Uma delas é o fim da discussão sobre a regulamentação das big techs que, de acordo com Lula, precisam respeitar as leis brasileiras.
Lula disse que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin - além do ministro das Relações Exteriores - é o negociador escalado pelo governo para dialogar com os Estados Unidos. "Ninguém pode dizer que eu não estou negociando com os EUA", afirmou.
O petista declarou que o Brasil é um país que não tem conflitos com outras nações e que possui uma relação diplomática bicentenária com os Estados Unidos. Porém, Lula disse que se continuar brigando com ele, "aí vai ter".
"O Brasil é um país que não tem contencioso com nenhum país do mundo. O último contencioso do Brasil foi a Guerra do Paraguai, há quase 200 anos".
No fim da cerimônia, Lula, Alckmin e outros ministros seguraram a Bandeira do Brasil e Lula disse: "O povo é dono desse País".

Tarifaço

Segundo Lula, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, liga todos os dias para conversar sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos, mas que ninguém o retorna.
"Ninguém pode dizer que o Alckmin não quer conversar. Todo dia ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele", disse Lula.
Leia também: Ideia do governo não é pedir extensão do prazo da sobretaxa, diz Alckmin
Lula disse que quer que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trate o Brasil com o "respeito e delicadeza" que o petista trata os EUA e o povo americano. O chefe do Executivo também se disse disposto a escalar Alckmin, que chamou de "conversador número um", para mostrar a Trump que ele foi "enganado com informações" dadas por políticos bolsonaristas.
"Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado para discutir e tentar mostrar o quanto você foi enganado com as informações que te deram, e você vai saber a verdade sobre o Brasil", afirmou Lula.

Família Bolsonaro

O presidente disse que os deputados precisam tomar uma atitude sobre o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo o presidente, Eduardo e aliados de Bolsonaro que articulam com Trump são "traidores da pátria" e agem com "sem-vergonhice".
"Vocês na Câmara têm que tomar uma atitude, esse cara é deputado e se afastou, foi lá para os Estados Unidos ficar: 'ô Trump, salva meu pai'. É uma pena que ainda tenha gente que não tem um pingo de caráter e vergonha na cara", declarou Lula.
Leia também: Alckmin diz que questão do Bolsonaro é do Poder Judiciário e não do Executivo
Lula declarou que Eduardo é pior do que Joaquim Silvério dos Reis, conhecido na historiografia brasileira por ter sido o delator da Inconfidência Mineira, por trocar o Brasil pela "libertação do pai".
"Estão pedindo para o presidente dos Estados Unidos aumentar a taxa das coisas que nós vendemos para eles para poder libertar o pai. Ou seja, trocando o Brasil pelo pai. Que patriota que é esse? Isso é pior que Silvério dos Reis", disse Lula.
Lula ainda atacou Bolsonaro e disse que não aceitou utilizar uma tornozeleira eletrônica quando foi preso pela Operação Lava Jato porque não era "pombo-correio".

Agressão na plateia

Durante a cerimônia, um homem recebeu um soco de um apoiador do presidente, após afirmar que Lula deveria "ser preso". "Alguém tem que avisar que o Lula também é ladrão e ele já foi preso", teria dito o homem agredido. Ele foi retirado por outros militantes do local.
Em cerimônia no bairro do Jardim Rochdale, em Osasco (SP), Lula anunciou investimentos do programa PAC Seleções 2025 Periferia Viva - Urbanização de Favelas. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), serão destinados R$ 4,67 bilhões para ações em 49 territórios periféricos de 32 municípios de 12 Estados.
Palavras-chave Capitólio Lula Trump tarifaço

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias