Washington Costa/MPO
Por Renan Monteiro e Lavínia Kaucz, da Broadcast
redacao@viva.com.brBrasília, 29/07/2025 - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta tarde que o Brasil “tem o que oferecer aos EUA” no contexto de negociações sobre a tarifa de 50% prevista para 1º de agosto. Falta, porém, abertura do governo dos EUA para ouvir as propostas brasileiras, segundo disse em entrevista à GloboNews. “O governo Lula não saiu da mesa de conciliação com EUA porque não conseguiu sentar à mesa”, afirmou.
A ministra indicou que os debates comerciais entre Brasil e EUA passam por temas centrais como o comércio de etanol e as chamadas terras raras. "Nos interessa a tecnologia que não temos e o capital estrangeiro", declarou. A transferência de tecnologia entre os dois países, além de ampliação de investimentos no setor, é uma pauta defendida pelos empresários desse mercado no Brasil.
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O governo Lula discute lançar uma política nacional voltada à atração de investimentos em minerais críticos antes da COP-30, em Belém (PA), segundo apurou a Broadcast. O segmento é alvo de interesse dos Estados Unidos, em meio às negociações do tarifaço. "Minerar no Brasil requer que seja dentro das nossas regras, com sustentabilidade", acrescentou a Tebet.
A ministra também alegou que o pacote de medidas para fazer frente à tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos EUA representa uma “reação”, e não uma “retaliação”. Segundo ela, o pacote de medidas para fazer frente à tarifa de 50% tem um caráter "menos fiscal do que se espera". No entanto, todo o esforço, segundo o governo, é para evitar a taxa proibitiva prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Se vigorar a taxa de 50%, há medidas já sendo ventiladas como abertura de crédito. Além disso, as ações defendidas pelo setor industrial incluem a "proteção ao mercado brasileiro" de produtos que estão entrando com preços inferiores ao custo de produção ou aos preços praticados no mercado interno. Ou seja, medidas antidumping.
"Temos condições de socorrer afetados por tarifa de 50% por um a dois anos", avaliou a ministra. Ela disse ainda que há grande preocupação com a indústria do aço, como eventual sobretaxa para além do que já tinha sido anunciado. "A grande pergunta é o que EUA querem, o que [os Estados Unidos] ainda não têm do Brasil, balança é superavitária", frisou a ministra.
Tebet também mencionou que é preciso esperar 1º de agosto para qualquer reação, olhando para dois caminhos: se haverá prorrogação da vigência da tarifa ou se os EUA vão diminuir alíquotas de setores específicos.
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