Saúde e Bem-estar

Adeus, colher de pau? Utensílio tradicional vira risco na cozinha; entenda

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já proíbe o uso de utensílios de madeira em ambientes comerciais - Foto: Envato Elements
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já proíbe o uso de utensílios de madeira em ambientes comerciais

Por Gabrielly Bento

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Publicado em 04/04/2025, às 11h59

Um dos itens mais tradicionais nas cozinhas do Brasil, a colher de pau está sendo colocada em xeque por especialistas em saúde alimentar. Apesar de sua popularidade, o utensílio feito de madeira pode representar uma séria ameaça à segurança dos alimentos, sobretudo devido à facilidade com que acumula microrganismos nocivos à saúde.

A professora do curso de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Maria Cláudia da Silva, explica que a estrutura porosa da madeira favorece o acúmulo de umidade e resíduos alimentares, criando um ambiente perfeito para a multiplicação de bactérias e fungos.

Segundo ela, esses microrganismos podem acabar sendo transferidos para os alimentos durante o preparo, especialmente quando há contato direto com as colheres ou mesmo com as superfícies onde foram apoiadas. A chamada "contaminação cruzada" é uma das principais responsáveis por surtos de doenças alimentares, conforme apontam diversos estudos na área.

Essas colônias são perigosas porque facilitam a contaminação cruzada, um processo em que microrganismos presentes em uma superfície contaminam alimentos que, até então, estavam livres de qualquer risco. Essa transferência pode ocorrer por meio do contato direto com as colheres ou com as mãos e superfícies onde os utensílios foram apoiados”, destaca.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já proíbe o uso de utensílios de madeira em ambientes comerciais, como restaurantes e cozinhas industriais. A recomendação, segundo Maria Cláudia, deveria se estender também às casas. 

Além dos riscos microbiológicos, o desgaste natural do utensílio também preocupa. Com o uso contínuo, a colher pode soltar farpas ou fragmentos que, se ingeridos acidentalmente, oferecem perigo físico ao consumidor, podendo causar cortes ou perfurações.

Por isso, normas sanitárias que regem o funcionamento de cozinhas industriais e restaurantes proíbem expressamente o uso de utensílios de madeira durante o preparo de refeições”, afirma Maria Cláudia.

Quais alternativas mais seguras?

A orientação da especialista é clara: dar preferência às colheres feitas de materiais menos porosos, como aço inox ou plástico de qualidade aprovado para uso alimentar. Esses materiais, por não absorverem resíduos, permitem uma higienização mais eficaz e apresentam menor risco de contaminação.

Para garantir a segurança no manuseio de utensílios de cozinha, a professora lembra que é essencial realizar dois processos distintos: a limpeza – que remove a sujeira visível com água e sabão – e a desinfecção, que reduz a presença de microrganismos através do uso de produtos específicos.

Outro ponto de atenção está na integridade dos objetos. Quando o utensílio apresenta rachaduras, manchas ou sinais de mofo, o ideal é descartá-lo imediatamente. Persistir no uso pode colocar a saúde de toda a família em risco.

A substituição das tradicionais colheres de pau por alternativas mais seguras é, segundo especialistas, um passo simples, mas fundamental, na prevenção de doenças e na promoção de boas práticas na cozinha.

Palavras-chave colher de pau cozinha Anvisa

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