Alimentos com corante sintético podem ter mais que o dobro de açúcar

São Paulo, 02/07/2025 - Um levantamento recente revelou que alimentos e bebidas que contêm corantes sintéticos possuem, em média, 141% mais açúcar total do que versões sem aditivos químicos.

O estudo, publicado em junho no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, ressalta que embora esses produtos tenham menos sódio e gordura saturada, o alto teor de açúcar é o principal fator de alerta para a saúde do consumidor.

Pesquisadores analisaram quase 40 mil itens alimentícios vendidos nos Estados Unidos pelas 25 maiores fabricantes, usando dados da Label Insight (2020). O grupo que continha corantes sintéticos apresentou 33,3 g de açúcar por 100 g, contra 13,8 g por 100 g nos produtos sem corantes, uma diferença de 141%. 

Corantes como o vermelho nº 40, vermelho nº 3 e azul nº 1 estiveram entre os mais frequentes, principalmente em bebidas esportivas (79%), concentrados para bebidas (71%) e doces (54%). O nome dos corantes identificados na pesquisa considera os parâmetros americanos. No Brasil, os nomes são identificados de forma diferente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Repercussão e medidas regulatórias

Nos EUA, o debate sobre os riscos dos corantes sintéticos envolve desde problemas neurocomportamentais até potenciais riscos de câncer. A Califórnia proibiu o vermelho nº 3 em 2023 e outros seis corantes de alimentos escolares em 2024, com mais de 25 outros estados seguindo o exemplo, segundo o DLA Piper. 

A FDA anunciou em abril planos para eliminar seis corantes artificiais até 2026, sob pressão do movimento “Make America Healthy Again” liderado por Robert F. Kennedy Jr.

Como se proteger na hora da compra?

• Leia os rótulos com atenção: evite produtos que listam corantes sintéticos e altos níveis de açúcar.
• Prefira alimentos naturais: frutas, verduras, grãos integrais, legumes, sementes e carnes magras são opções mais saudáveis e saciantes.
• Atenção ao mercado infantil: doces, cereais e bebidas são os campeões em corantes, sua venda pode chegar a quase 30% desses itens.
• Apoie regulações rigorosas: a pressão por rótulos claros e proibições em alimentos escolares contribui para maior transparência.

O estudo mostra que alimentos com corantes sintéticos geralmente trazem um carregamento extra de açúcar, o que pode agravar o impacto dos ultraprocessados na saúde pública, sendo sempre recomendada a leitura atenta de rótulos e a escolha consciente.

No Brasil, a regulamentação dessa área é feita pela Anvisa, que divulga a lista de corantes autorizados para uso em alimentos em um painel interativo em seu portal, fornecendo orientações atualizadas sobre o uso de aditivos alimentares.

A agência diz que a legislação brasileira é positiva nesse sentido, ou seja, "somente podem ser usados aqueles corantes permitidos e nas categorias e condições definidas, as quais também podem ser consultadas no painel", explicou em nota. Sendo assim, todo uso fora do que está regulamentado pode ser considerado proibido.

De acordo com os dados do painel da Anvisa,  62 corantes são permitidos atualmente no País, englobando 93 categorias. Ao todo, ela autoriza o uso alimentício de 418 aditivos, englobando desde corantes a conservantes, edulcorantes (adoçantes), espessantes, realçadores de sabor e outros, totalizando 25 funções.