O câncer no apêndice deixou de ser raro? Entenda o aumento entre Millennials e Geração X

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Estudo identificou um aumento alarmante nos casos de câncer de apêndice entre esse público - Foto: Envato Elements
Estudo identificou um aumento alarmante nos casos de câncer de apêndice entre esse público

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 25/06/2025, às 12h00

Um estudo recente publicado no Annals of Internal Medicine identificou um aumento alarmante nos casos de câncer de apêndice entre pessoas da Geração X (nascidas entre 1976‑1984) e Millennials (nascidas entre 1981‑1989), em comparação com o grupo nascido entre 1941 e 1949.

Usando dados do programa SEER do Instituto Nacional do Câncer nos EUA, pesquisadores analisaram 4.858 diagnósticos entre 1975 e 2019 e confirmaram que:

  • Para quem nasceu 1976‑1984, os casos triplicaram.
  • Já para quem nasceu 1981‑1989, a incidência quadruplicou.

Como observa a Dra. Andreana Holowatyj, autora principal e oncologista em Vanderbilt, “é algo alarmante de modo geral” e requer maior atenção de médicos e do público.

Quão comum é o câncer de apêndice?

Embora ainda seja considerado raro, afetando entre 1 e 2 pessoas por milhão por ano nos EUA, o aumento em adultos jovens sinaliza uma tendência inquietante. O câncer é geralmente descoberto por acaso após cirurgia de apendicite, já que não há protocolo de rastreamento específico. Muitas vezes, chega tardiamente: até metade dos casos só é diagnosticada após o tumor já ter se espalhado.

Causas potenciais: o que sabemos até agora

O estudo descarta avanços diagnósticos como causa principal, já que as taxas de apendectomia permaneceram estáveis. Em vez disso, especialistas apontam para fatores ambientais e de estilo de vida, incluindo obesidade, dieta pobre, sedentarismo, uso de antibióticos, poluição e alterações no microbioma, que podem estar influenciando essas novas gerações.

Sintomas e o desafio do diagnóstico precoce

Como o apêndice está ligado ao intestino grosso, os sinais podem ser sutis e confundidos com problemas mais comuns:

  • Dor ou desconforto persistente na parte inferior direita do abdômen
  • Inchaço e sensação de plenitude
  • Náuseas, vômito, constipação ou diarreia
  • Perda de apetite e, às vezes, perda de peso

Como não há exames preventivos específicos, o ideal é que diante de sintomas persistentes, especialmente em adultos jovens, se procure orientação médica.

O tratamento padrão inclui apendicectomia seguida de quimioterapia se houver metástase. Como destaca Holowatyj, se o apêndice romper, células tumorais podem se espalhar por toda a cavidade abdominal, diminuindo significativamente as chances de cura. 

A taxa de sobrevida em cinco anos varia entre 10% e 63%, dependendo do estágio e subtipo da doença. 

A importância da conscientização

Médicos: precisam considerar o câncer de apêndice em adultos jovens com sintomas gastrointestinais persistentes e para o público: atenção redobrada a sinais incomuns e insistentes, “conheça seu corpo e não ignore mudanças”, enfatiza Holowatyj.

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